Quando e de que forma vai a liberdade regressar às ruas italianas? Não há data exata, mas o “como” já se sabe: com muita distância social, tal como agora, com máscaras sempre que possível e sem bares, concertos ou reuniões, para já. Reivindicar vitória sobre o coronavírus levará semanas e, mesmo então, não será uma vitória, porque o vírus não vai deixar de existir.
Os dados mais recentes, com o número de novos contágios a cair há dias seguidos, permitem esperança, mas, dado que a taxa de transmissão de pessoa para pessoa (o chamado R zero) ainda não está abaixo de 1, ou seja, cada cidadão ainda transmite a doença a mais do que uma pessoa, não é possível festejar. A vida não pode regressar ao normal de um minuto para outro, ou uma nova vaga de casos poderia surgir.
Antes de maio, em Itália, não se poderá passear, não haverá bares barulhentos onde amigos se reúnam ao fim de uma tarde de trabalho; lojas de roupa, ginásios, salões de beleza, tudo vai estar fechado pelo menos até então. É por isso que a ministra do Interior, Luciana Lamorgese, decidiu fortalecer os postos de controlo em todo o país, envolvendo policiais municipais com funções de segurança pública. O decreto de prolongamento do estado de emergência será assinado a 3 de abril e as informações que circulam na imprensa dizem que não se desviará um milímetro do rigor até agora exigido.
Abertura progressiva
A partir de 18 de abril algumas coisas podem começar a mudar, mas muito poucas. Por exemplo, as atividades empresariais que prestam auxílio a sectores essenciais, como o da distribuição de alimentos e medicamentos (e que não tenham sido consideradas essenciais num primeiro momento), podem voltar a funcionar, fornecendo peças necessárias à reparação de máquinas. Continuam a ter de demonstrar que cumprem as regras de distância de segurança entre funcionários e o fornecimento de dispositivos de proteção.
O Governo de Giuseppe Conte está preocupado com o desemprego mas mais preocupado está com o contacto entre pessoas. Apenas com estes sacrifícios será possível reabrir em pleno, no futuro. O secretário de Estado da Saúde, Pierpaolo Sileri, disse em conferência de imprensa, citada pela agência ANSA, que o pico pode chegar “dentro de 7, 10 dias” e que “a partir desse momento o número de novos infetados deve cair, mas para atingir uma taxa de contágio igual a 0,7 ou 0,8, pode levar duas ou três semanas e só então será possível avaliar quais as atividades a reiniciar”.
Alguns responsáveis da saúde têm recorrido à imprensa italiana nos últimos dias para alertar contra a reabertura dos locais onde a multidão é maior: discotecas e concertos, por exemplo, estão fora de questão. Os restaurantes serão os primeiros a reabrir, mas ainda não há data, escreve o “Corriere della Serra”.