O texto é cauteloso mas abre porta a alguma esperança. O Infarmed emitiu um comunicado informando sobre a utilização de terapêuticas experimentais no combate à pandemia de covid-19. "Não existem atualmente medicamentos autorizados para o tratamento de covid-19. Existem, contudo, várias moléculas apontadas como possíveis candidatos terapêuticos embora nenhuma das potenciais aproximações terapêuticas referidas neste documento apresenta evidência clínica robusta" pode ler-se no documento, no qual apesar das reservas, avança com as orientações da Direção-Geral da Saúde.
Há três grupos principais de fármacos cuja evidência científica não está comprovada mas que já estão a ser utilizados em Portugal. Em primeiro lugar a cloroquina e a hidroxicloroquina, cujo recurso, afirma o documento, é "preconizado por diversas linhas de orientação clínica internacionais" para os doentes mais graves, sendo a segunda considerada um "antiviral mais potente".
Quanto à cloroquina, o Infarmed refere que "tem igualmente tido um aumento significativo de atenção nos países como um agente profilático para além do potencial efeito curativo, o que levou à necessidade de analisar as evidências emergentes para suportar uma decisão sobre seu possível papel e que, por isso, "estão a ser planeados estudo a longo prazo em profissionais de saúde". Atualmente, ambos os fármacos são aconselhados a todos os doentes com covid-19 que se encontrem internados em Unidades de Cuidados Intensivos.
Outra opção também recomendada a todos os doentes em cuidados intensivos é a associação lopinavir/ritonavir, medicamento antirretroviral já autorizado na União Europeia, embora existam dúvidas sobre se a combinação exerce atividade em humanos nas doses testadas, "as mesmas utilizadas no HIV". Por isso, diz o Infarmed, alguns autores afirmam que dadas as limitações das investigações em curso "se justificaria aguardar os resultados de estudos de grande dimensão".
Quanto ao Remdesivir , apesar de ser "considerada uma das moléculas promissoras no tratamento da covid-19 tendo em conta o seu largo espectro antiviral" -, o impacto clínico permanece desconhecido. Assim, o critério apontado pela DGS afirma que deve ser considerado como uma alternativa a outros tratamentos.
No texto percebe-se ainda que nada está posto de parte: "Estão também a ser considerados outros fármacos como Tocilizumab, Favipiravir, Oseltamivir, Umifenovir, Darunavir / Cobicistat, Azivudine, Triazavirin, células estaminais, glucocorticoides, imunoglobulinas, anticorpos monoclonais e policlonais, plasma dos convalescentes, entre outros." porque, segundo o comunicado do Infarmed, "num cenário pandémico, importa assegurar a sinergia de esforços, a cooperação internacional e medidas de suporte para as empresas, com o objetivo comum de assegurar tratamento ou profilaxia ao maior número de cidadãos durante a pandemia".