“É em Lisboa que nasce a nova Europa.” A frase esperançosa é do escritor italiano Roberto Saviano, que elogia o Governo português por ter decidido, devido à pandemia, regularizar a situação de todos os imigrantes que estão à espera de autorização de residência.
“Quando tudo parece perdido, quando parece que os egoísmos nacionais e individuais prevalecem, um raio de sol filtra”, escreveu Saviano na rede social Facebook. Cita declarações do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, ao jornal “Público”: “Em momentos como este, é essencial garantir os direitos dos mais fracos, e é exatamente esse o caso dos imigrantes. Garantir o livre acesso à saúde e à seguridade social, apoiar a estabilidade no emprego e o direito à moradia é dever de uma sociedade solidária em tempos de crise ".
Saviano recomenda à União Europeia que olhe para Lisboa se “realmente deseja sobreviver a esta crise como entidade política”. A seu ver, “apenas a proteção dos mais fracos – europeus e novos europeus – será capaz de constituir a herança moral necessária para recomeçar”.
O primeiro-ministro António Costa foi louvado em Espanha e Itália por ter classificado de “repugnante” a intervenção do ministro das Finanças holandês no Conselho Europeu. Woepke Hoekstra afirmou que aqueles países deviam ser investigados por não estarem orçamentalmente preparados para o surto de coronavírus.
Elogiando o exemplo português, escreve Saviano: “Somente dessa maneira poderemos acantonar os contabilistas que não veem além do seu nariz e os chacais que, em inspeção mais detalhada, sempre andaram de mãos dadas com esses contabilistas”.