Coronavírus

Covid-19. Primeiro-ministro italiano diz que pode estar em causa a “confiança” na UE

Segundo Conte, os quatro países que estão a oferecer resistência a uma solução europeia ao novo coronavírus “estão a ponderar a situação a partir de uma perspetiva antiquada e inadequada para esta crise”

Risco de bancarrota de Itália voltou em dezembro, depois de um período de tréguas. Giuseppe Conte, primeiro-ministro de Itália, depara-se com um risco superior ao da dívida grega
Remo Casilli/REUTERS

A Europa está perante “um desafio histórico” que só vencerá se se mantiver unida, avisa Giuseppe Conte, primeiro-ministro de Itália, em entrevista ao “El País” esta segunda-feira. Segundo o chefe do Governo do país mais afetado pela pandemia, "se a União Europeia não estiver à altura da sua vocação e do seu papel nesta situação histórica, os cidadãos terão mais confiança ou vão perdê-la definitivamente?"

“O problema não é sair da recessão, mas sair o mais rápido possível. O tempo é essencial. Há a máxima urgência”, afirma Conte, que assinou com a França, Irlanda, Portugal e mais cinco países uma carta a favor de 'coronabonds', dívida comum europeia para fazer face à crise.

Para o primeiro-ministro italiano, é fulcral a criação de Plano de Recuperação Europeia e de Reinvestimento. “Não penso num instrumento particular [como as ‘eurobonds’], mas este é o momento de introduzirmos uma ferramenta de dívida comum, que nos permita vencer esta guerra o mais breve possível e relançar a economia”, diz.

Questionado sobre a resistência de alguns países - Alemanha, Holanda, Áustria e Finlândia – a uma solução conjunta, Conte frisou que “ninguém se pode excluir desta crise”. Até porque “ninguém está a pedir à Europa que se encarregue das dívidas soberanas”, diz.

Segundo Conte, os quatro países que estão a oferecer resistência a uma solução europeia “estão a ponderar a situação a partir de uma perspetiva antiquada e inadequada para esta crise.”

“Este é um choque simétrico que afeta todos, sem exceção. A resposta tem de ser uma reação forte e conjunta, com recurso a medidas extraordinárias”, diz.