No início do ano, a Holanda passou oficialmente a chamar-se apenas Países Baixos. Mas a mudança de nome em nada mudou o pensamento holandês nem os argumentos do Governo. O primeiro-ministro Mark Rutte mantém a mesma postura rigorosa sobre uma União Europeia que deve ir com calma na partilha de riscos e de dinheiro.
Numa cultura conhecida por ser demasiado direta nas palavras, doa a quem doer - mesmo quando não querem magoar ninguém - Rutte é o primeiro a dar o exemplo. Rejeita qualquer emissão conjunta de dívida europeia e deixa claro que, se depender dele, a criação de Eurobonds ou Coronabonds não irá a lado nenhum. "Não consigo prever nenhuma circunstância em que os Países Baixos concordassem com Eurobonds", disse, sem rodeios, na passada quinta-feira, numa videoconferência de imprensa, na qual o Expresso também participou.
O objetivo é passar a mensagem: não é não. Numa altura em são pelos menos nove os países que querem debater uma solução de mutualização de dívida para responder à crise económica que atinge todos sem ser culpa de nenhum, a posição holandesa pode, aos olhos de vários parceiros como Itália, Espanha, Irlanda, Portugal ou França, soar a intransigência e falta de solidariedade. Só que para os holandeses estão em causa argumentos económicos e até morais.