O novo coronavírus matou um idoso e infetou mais dois utentes e nove funcionários do lar dos inválidos do Comércio, no Lumiar, em Lisboa. O contágio terá começado no Serviço de Apoio a Dependentes (ou enfermaria, como é conhecido), trazido de fora por um residente após uma consulta hospitalar.
O foco de covid-19 foi confirmado ao Expresso pela direção da IPSS, que este sábado esteve reunida com a Câmara de Lisboa (vereação e o próprio presidente Fernando Medina), a Segurança Social e a Direção-Geral da Saúde para alinhavar os próximos passos de contenção. "Mal foi conhecido o primeiro caso positivo, que acabou por falecer no Hospital de Santa Maria, todos os trabalhadores, utentes e familiares foram informados, assim como as autoridades de saúde", assegura Teresa Roque, a tesoureira dos Inválidos do Comércio, cujo lar tem 320 utentes.
Na altura, apenas foi recomendada a testagem das pessoas que conviveram diretamente com o doente e todos os que tinham sintomas compatíveis com a covid-19. Mas com a entrada do país em período de mitigação, na passada quinta e sexta-feira mais 210 trabalhadores realizaram também o teste, na unidade de saúde do Lumiar. Na segunda-feira é a vez dos idosos e do restante pessoal.
"Já começámos a receber os resultados e dos 179 casos já comunicados à instituição há nove positivos e nove inconclusivos, que vão repetir o teste. Segunda-feira, o enfermeiro-chefe, que fez formação no Laboratório Ricardo Jorge, vai testar todos os idosos no próprio lar, cabendo ao laboratório a análise", adianta Teresa Roque.
Os dois residentes positivos estão internados em Santa Maria e há atualmente doze casos sintomáticos em quartos de isolamento dentro do próprio lar. Na próxima semana, com o apoio da autarquia, começam obras de contenção nas alas - para fechar circuitos de circulação e corredores -, a construção de 'unidades de vestir e vestir proteções' nas entradas e a transformação do auditório em zona de contenção (arrancar cadeiras, caso seja necessário um espaço de isolamento maior para positivos assintomáticos).
"Estamos cientes das dificuldades mas não vamos abandonar o barco. Sabíamos que seria assim se o vírus entrasse e apesar de termos posto em prática imensas medidas de contenção não foi suficiente. Estamos todos a aprender a lidar com isto", explica a tesoureira.
A direção afasta a necessidade de evacuação do lar, mas anuncia que a Câmara de Lisboa vai financiar a deslocação e alojamento de cerca de trinta idosos, que têm autonomia, para uma unidade hoteleira do concelho. A Proteção Civil reforçou hoje o material de proteção do lar.
O lar do Lumiar funciona numa antiga quinta de 70 mil m2 e é um dos maiores do país. Atualmente, por medida de segurança, está fechada ao público a creche, suspensas as visitas e saídas dos utentes e reduzido ao máximo o acesso a serviços. As técnicas do Serviço de Ação Social estão organizar vídeo chamadas “de forma a minimizar a ansiedade legítima de familiares e residentes”.