Coronavírus

Covid-19 em Portugal: mais de 80% dos novos infetados estão na região Norte, há mais 16 mortes (uma delas é a primeira abaixo dos 50 anos)

Um aumento de 20% deixa Portugal acima dos quatro mil infetados por covid-19. Há quase o dobro das pessoas à espera dos resultados do teste laboratorial. E mais 85% de pacientes internados

Sem surpresa, os municípios do Norte do país são os que registam maiores aumentos no número de casos. Em Gaia foram 99 de quinta para sexta-feira
RUI DUARTE SILVA

Está no Norte do país a grande maioria dos novos casos de covid-19 em Portugal: 585 do total de 724 casos detetados entre quinta e sexta-feira. Representa 80,8%. Na região há agora 2.443 infeções, mais do que há três dias havia no país inteiro.

Sem surpresa, é também no norte que estão os municípios com os números mais altos e as maiores subidas. E as mudanças. Até aqui Lisboa era o município mais afetado, mas o Porto passou para 317 casos, mais 58 do que há 24 horas, e lidera agora a lista. Lisboa aparece a seguir, com 284 pacientes infetados. Dos 308 concelhos do país, nenhum subiu tanto como Gaia, com mais 99 casos — 262 até ao momento. A lista dos 10 mais fustigados fica completa com dois municípios da região Centro (Ovar, com 145, e Coimbra, com 109) e cinco do Norte: Maia (171), Gondomar (149) Braga (131), Valongo (108) e Matosinhos (107)

A região que se segue é a de Lisboa e Vale do Tejo, com 1110 infeções, apenas mais 28 do que na última atualização da Direção-Geral da Saúde. Alentejo e Algarve registaram subidas de igual medida, 10 casos em cada região, ao passo que no Centro estão 520 casos. Açores mantêm-se nos 24 e a Madeira, com 20 pacientes, continua a ser a região menos afetada do país.

Menos mortes do que ontem, mas a primeira abaixo dos 50 anos

Está no número de óbitos um dos principais índices para medir o impacto do novo coronavírus nos países. Em Portugal, há mais 16 mortes a lamentar em relação a quinta-feira (onde tinham sido conhecidas 17). Como até aqui, a maioria diz respeito a pessoas acima dos 80 anos: 10 dessas 16. No total, 57% dos óbitos aconteceram nestas faixas etárias.

Ao final da manhã, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, esclareceu que a taxa de letalidade da covid-19 em todas as idades é de 1,8% e que “mais de 80% das mortes são pessoas com mais de 70 anos”. Os números portugueses até agora batem certo com a afirmação, de forma exata: 61 das 76 pessoas que morreram estavam acima dos 70 anos, uma percentagem de 80,2%.

Por outro lado, o boletim dá conta da primeira morte de uma pessoa com menos de 50 anos. Trata-se de uma mulher na faixa dos 40-49 anos.

Há ainda a registar a morte de outras três mulheres entre os 70 e os 79 anos e de um homem e uma mulher na faixa etária anterior (60-69).

Quase o dobro à espera de resultado, mais 85% internados

Há mais 724 casos conhecidos de infeção com o novo coronavírus em Portugal. É a maior subida em termos absolutos — na quinta tinha sido menor do que na quarta —, mas não a maior subida percentual: 20% de aumento, menos que os 27% da última atualização.

De registar que 300 destes novos casos deram-se em pessoas acima dos 60 anos, nas faixas etárias onde o risco de complicações é maior. Ainda assim, continua a ser na casa dos 40-49 que há mais registos e infeção, 821 (mais 150 do que na quinta), seguida da faixa dos 50 aos 59 anos, com 775 (mais 138) e dos que têm entre 30 e 39 anos, que registam 671 casos (mais 93).

O gráfico de infeções sobe à medida que o das idades vai descendo: as crianças até aos 9 anos têm 49 registos, o menor do país, e os jovens no intervalo 10-19 passaram agora a barreira da centena: 104 casos de covid-19. No entanto, alerta a DGS, há quatro infetados cuja idade ainda não pôde ser confirmada. Está “em investigação”.

Em termos de subidas, é também acentuada a de pacientes internados: 85%, elevando para 354 o número total. Quer isto dizer que há 3.843 pessoas com covid-19 a recuperar em casa. O número de doentes dados como curados é que não sofreu alterações: são 43.

No extremo oposto, há 71 pessoas nos cuidados intensivos, mais dez do que há um dia. O expectável aumento do número de casos faz com que os hospitais vão reforçando a capacidade de resposta. Esta semana, o Santa Maria, em Lisboa, recebeu três unidades de cuidados intensivos e tem agora mais 90 camas para receber os doentes críticos de covid-19.

Também quase dobrou o número de pessoas à espera que o teste laboratorial lhes diga se foram ou não contaminadas pelo vírus: 3.995, quando na quinta-feira eram 2.145.

Na conferência de imprensa de apresentação destes números, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, avisou que o pico vai durar “algumas semanas” e que acontecerá “nunca antes do mês de maio”. “Em relação ao pico, primeiro depende da subida da curva. Quer a dimensão, a altura do pico, quer o tempo que vamos levar a chegar lá. Como também devem já ter percebido, há uma tendência para termos retardado um bocadinho a velocidade com que a curva está a subir. À medida que nós retardamos a aceleração da curva, o pico vai diferindo no tempo”, explicou.

Casos importados não mexem, principais sintomas também não

A maioria das pessoas infetadas com o novo coronavírus continua a reportar a tosse como o principal sintoma: 60%, não muito distantes das 51% que apresentam febre. Há ainda 35% a queixarem-se de dores musculares.

Nas novas infeções, o último boletim tinha trazido grandes alterações em relação aos casos importados, que subiram em 161 e fizeram acrescentar 12 países à lista. Porém, nesta nova atualização não há novidades: 330 casos vieram do estrangeiro, de 26 países diferentes, a maioria na Europa. Espanha (107), França (72) e Reino Unido (27) são os países com maior número de importações