Os coronavírus que fazem “carreira silenciosa” são uma verdadeira armadilha para todos os países. O alerta foi dado pelo jornal de Hong Kong “South China Morning Post”, que teve acesso a um estudo secreto do Governo de Pequim. Este estudo mostra que a China pode deixar de ser o caso de êxito que até aqui parecia ser no controlo da pandemia.
O número de portadores assintomáticos, ou dos raros casos de pessoas infetadas que só têm sintomas depois de passados os 14 dias em que se aconselha quarentena, pode estar próximo de “um terço das pessoas com diagnóstico positivo”.
Os dados oficiais de todos os países atingidos pela pandemia mostram que há quase 400 mil infetados (395.807 à hora de publicação deste texto) e 17.235 mortos confirmados. Só que muitos países não estão a testar quem tem sintomas ligeiros, mesmo que tenha tido contacto com pessoas infetadas.
China com mais de 43 mil assintomáticos
Na China, no final de fevereiro, foi feito um despiste a mais de 43 mil pessoas com diagnóstico positivo, mas assintomáticas. Foram todos colocados em quarentena mas, segundo o estudo divulgado pelo “South China Morning Post”, não fazem parte dos números oficiais.
Os cientistas ainda não conseguiram explicar “qual o papel dos assintomáticos” na cadeia de transmissão da pandemia. “Um doente normalmente tem sintomas ao fim de cinco dias, embora a incubação possa chegar às três semanas nalguns casos.”
A situação agrava-se porque a metodologia adotada para contabilizar casos confirmados varia de país para país. Segundo a Organização Mundial de Saúde, são considerados positivos “todos os casos que tenham teste positivo, independentemente de terem ou não sintomas”.
A Coreia do Sul segue este modelo. Pequim mudou as regras de classificação a 7 de fevereiro, passando a contar apenas os “pacientes com sintomas” como casos confirmados de infeção por coronavírus.