A situação nas instituições que acolhem os mais velhos está a tornar-se uma das páginas mais negras desta crise pandémica em Espanha. O Ministério da Defesa espanhol confirmou esta segunda-feira a vários meios de comunicação social que há idosos a morrer em lares da terceira idade que não estão a ser retirados desses locais, apesar de tais instituições permanecerem abertas e com residentes.
Estes, por sua vez, apesar de vivos, também não estão a ser acompanhados como deviam pelas equipas destas instituições, não raro depauperadas por terem infetados entre o pessoal.
O exército localizou idosos mortos em locais de acolhimento por todo o país e fontes do Ministério da Defesa, que falaram com a Rádio SER, confirmaram que os militares estão a tentar redobrar a sua presença nestes centros, que no início da crise serviu apenas para informar e aconselhar os utentes destes espaços.
Abandono total
As revelações de hoje levam a crer que o exército terá de começar a verificar estes locais com intuito de denunciar criminalmente as condições de vida dos idosos e o que cada lar está a fazer para tentar oferecer o máximo de cuidados a este segmento da população, já de si muito fragilizado e de risco.
“Membros do exército viram idosos absolutamente abandonados, quando não mesmo mortos nas suas camas", disse a ministra da Defesa de Espanha, Margarita Robles, em declarações ao canal Telecinco.
O Ministério Público de Madrid abriu um processo para investigar a morte de 17 idosos no lar de Monte Hermoso, a pedido de uma queixa da associação El Defensor del Paciente. A investigação começou após a denúncia de familiares de pessoas que residiam no local e é natural que mais casos cheguem às autoridades nos próximos dias.
Trabalhadores de outro lar em Marid (Loreto), gerido pela multinacional Orpea, acusaram a administração de estar a ocultar um surto de covid-19 que terá vitimado 16 utentes desde o dia 8 de março. O grupo francês Orpea, que possui 23 lares na região de Madrid, reportou apenas um caso.
“Os mortos e infetados no Orpea Loreto são muitos mais. Socorro!”, lê-se num cartaz feito pelos funcionários do lar e hoje reproduzido pelo jornal “El País”. O sindicato Comisiones Obreras divulgou um vídeo em que uma empregada da instituição, com voz distorcida, acusa a direção de ocultação, chantagem e ameaças.