Coronavírus

Covid-19. Índices de poluição descem significativamente em todo o mundo com a pandemia

Até menos de 40% de emssões de dióxido de azoto mostram imagens de satélite, quer na Ásia, quer em Itália, por exemplo. Especialista fala em "experiência inadvertida de maior escala alguma vez realizada", que permite tirar conclusões importantes: “Estamos a ver o que é possível no futuro, mudando para uma economia com baixas emissões de carbono"

Construction Photography/Avalon/Getty Images

Já se tinha verificado na China e está agora a acontecer em todo o mundo. A redução da poluição, fruto do encerramento forçado da atividade industrial por causa da pandemia do novo coronavírus, está a reduzir significativamente os níveis de poluição do ar. Isso mesmo mostram várias imagens de satélite da Agência Espacial Europeia.

As leituras do satélite Sentinel-5P mostram que, nas últimas seis semanas, os níveis de dióxido de azoto (NO2) nas cidades e aglomerados industriais na Ásia e na Europa foram muito mais baixos do que no mesmo período do ano passado.

Resultado das emissões dos motores dos automóveis, das centrais de energia e de outros processos industriais, o NO2 tem efeitos muito nocivos, em especial para quem sofra de doenças respiratórias, como a asma. É um tipo de poluente com origem nas mesmas atividades e sectores industriais responsáveis pelas emissões de dióxido de carbono, às que são apontadas o dedo pelo aquecimento global.

Sem deixar de lembrar a perda de vidas que está em causa, Paul Monks, professor da Universidade de Leicester, citado pelo “The Guardian”, fala do momento que atravessamos como a “experiência” inadvertida de maior escala alguma vez realizada, que nos permite tirar conclusões importantes. “Estamos a ver o que é possível no futuro, mudando para uma economia com baixas emissões de carbono”.

As vantagens não são apenas em termos de saúde pública, lembra, mas também para atividades como a agricultura, já que a poluição afeta o desenvolvimento das culturas.

Por outro lado, a Organização Mundial da Saúde sublinha que o NO2 é um gás tóxico, cuja excessiva concentração “pode provocar inflamações significativas nas vias aéreas”. Saber se as partículas de poluição transportadas pelo ar podem contribuir para espalhar o novo vírus e torná-lo mais agressivo é uma hipótese a ser investigada.

As imagens de satélite mostram o mesmo tipo de efeito pós-pandemia, na China, Coreia do Sul e Itália.

Uma das maiores quedas nos níveis de poluição foi registada em Wuhan, cidade chinesa que foi submetida a um rígido bloqueio no final de janeiro. Os níveis de dióxido de azoto no leste e no centro da China foram 10 a 30% mais baixos do que o normal.

No caso de Itália, e desde que o país entrou em bloqueio a 9 de março, os níveis de NO2 em Milão e noutras zonas do norte da Itália caíram cerca de 40%.