A Fundação Calouste Gulbenkian vai lançar um fundo de emergência com um valor inicial de cinco milhões de euros para apoiar a sociedade portuguesa no combate à epidemia da covid-19. O apoio é direcionado às áreas de atuação da própria Gulbenkian, que são cinco: saúde, ciência, sociedade civil, educação e cultura.
No caso da saúde, o fundo pretende colmatar a conhecida escassez de material de proteção e equipamento médico que o SNS enfrenta, mas também a aumentar a capacidade de diagnóstico de novos casos — o SNS tem pode atualmente fazer 2500 testes por dia — e a dar origem a soluções tecnológicas, como apps e plataformas, que apoiem os cidadãos a lidar com o isolamento e com eventuais sintomas.
Na ciência, a prioridade é aumentar o conhecimento sobre o novo coronavírus, apoiando plataformas e competências científicas na área da imunologia, genómica, virologia e relação micróbio-hospedeiro.
A fundação tem preparados alguns novos projetos, como o Gulbenkian Cuida, destinado a organizações da sociedade civil que prestam cuidados a idosos, um dos grupos de maior risco da doença, e que pretende reforçar o apoio domiciliário. Na área da educação, que está agora a adaptar-se a uma nova forma de ensinar e aprender, à distância, a Gulbenkian quer diminuir o fosso entre alunos dando um apoio “aos estudantes carenciados, que lhes permita um acesso ao ensino à distância durante o encerramento das escolas”. Daqui sairá também um novo projeto, criado em parceria com o Ministério da Educação.
Junta-se-lhe ainda um reforço das “Bolsas Mais”, um programa que já existe na Fundação, e que se destina a alunos com menos recursos financeiros que se candidatam pela primeira vez à universidade.
Por fim, nas artes, o apoio de emergência vai para criadores e entidades artísticas que viram os seus projetos cancelados, “nas áreas em que a Fundação habitualmente atribui apoios, sob a forma de uma reposição parcial dos rendimentos perdidos”, lê-se no comunicado em que a Gulbenkian anuncia o fundo de emergência. A entidade promete ainda flexibilizar os prazos e os apoios já concedidos ou em processo de aprovação, permitindo que criem novas datas.
Para Isabel Mota, presidente da Fundação Gulbenkian, este é “um contributo para combater uma pandemia que põe em causa a sociedade como sempre a conhecemos”. “Num momento de excecional gravidade, a Fundação Calouste Gulbenkian, fazendo jus à sua missão, reforça a sua atividade”, explica-se na mesma nota.