A Etiópia anunciou esta segunda-feira o encerramento das suas fronteiras terrestres para a maioria dos casos de forma a conter a propagação da pandemia de covid-19, juntando-se a uma lista de países africanos a adotarem medidas para reprimir o novo coronavírus. O anúncio foi hoje feito pelo primeiro-ministro etíope, o Nobel da Paz de 2019, Abiy Ahmed, num comunicado em que refere que os soldados serão responsáveis pela aplicação desta medida.
A Etiópia, segundo país mais populoso de África, com cerca de 100 milhões de pessoas, regista atualmente 11 casos confirmados e nenhuma morte. Ainda assim, as autoridades etíopes não decretaram qualquer confinamento, tendo antes proibido reuniões em massa -- o que não impediu a organização de eventos pelo partido no poder.
No comunicado, o chefe do Governo etíope assinalou que os partidos políticos devem trabalhar para cumprir "as medidas distanciamento entre indivíduos". Por outro lado, a contenção é algo que já vigora em países como o Ruanda e nas Maurícias, tendo Lubumbashi, a capital económica da República Democrática do Congo (RDCongo), adotado também esta medida.
Polícia e Exército foram destacados para Lubumbashi, uma cidade com quatro milhões de habitantes onde lojas, incluindo de comércio de alimentos, estão encerradas. Atualmente, os 30 casos confirmados oficialmente desde 10 de março pelas autoridades congolesas, que contabilizam duas mortes, foram todos registados na capital do país, Kinshasa, que tem uma população de 10 milhões de habitantes.
Quatro deputados pediram que Kinshasa fosse "colocada em quarentena e isolada do resto do país", de forma a evitar que o novo coronavírus se espalhe pela maior nação africana em termos territoriais. Numa declaração conjunta, os deputados sugeriram que a RDCongo deve considerar "a contenção progressiva da população".
Na África Ocidental, os presidentes do Senegal, Macky Sall, e da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, que já tomaram medidas para o encerramento de fronteiras e de locais públicos, ponderam o anúncio de novas medidas. O Senegal, com 67 casos oficiais e ainda sem mortes, é um dos países da África Ocidental mais afetados.
Já no Burkina Faso, que conta com 99 casos oficiais, as autoridades preveem "cada vez mais um confinamento total das populações durante um período de duas a três semanas", segundo uma fonte de segurança citada pela agência France-Presse.
Na África Central, o Presidente gabonês, Ali Bongo, anunciou um confinamento parcial entre as 19:30 e as 06:00, iniciado no domingo. Os Camarões analisam um possível confinamento, mas é algo que as autoridades ainda não pretendem decretar. Na noite de sábado, o Ruanda proibiu "viagens não essenciais". A população das Maurícias, a cerca de 1.800 quilómetros da costa leste africana, está em isolamento desde sexta-feira, devendo cumprir um período de confinamento de 14 dias.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 341 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram. Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a OMS a declarar uma situação de pandemia.
O continente africano contabiliza agora mais 1.700 casos de infeção desde o início da pandemia, dos quais resultaram pelo menos 51 mortes. Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.