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Como o conselho de Estado debateu o estado de emergência: "Agora seria um erro não fazer"

Marcelo condicionou o jogo ao propôr o estado de emergência e o Conselho de Estado não divergiu do Presidente. Houve dúvidas e uma certeza: com a expetativa criada, recuar era impossível. Costa chegou atrasado. Ferro foi a voz da esquerda. Cavaco pôs o foco na execução que cabe ao Governo e o Presidente do Tribunal Constitucional faltou mas mandou dizer que é favorável. Rio foi pragmático: se não há nada a ganhar, também não há nada a perder. E Marcelo, no final, agradeceu a "convergência".

Miguel Figueiredo Lopes/Presidência

Marcelo Rebelo de Sousa não levou o estado de emergência a votação. Não tinha que o fazer, já que esta não é uma decisão que dependa de parecer do Conselho de Estado e o próprio Presidente disse-o no início da reunião: não lhes pedia um parecer, queria ouvir-lhes opiniões. No final, agradeceu-lhes "a convergência". Mas há uma frase de Francisco Pinto Balsemão que foi partilhada por vários conselheiros: perante a expetativa criada, agora seria um erro não avançar.

Com a certeza de que o estado de emergência seria mesmo decretado - o primeiro-ministro já garantira que, dúvidas à parte, lhe daria parecer favorável -, os conselheiros de Estado mergulharam na videoconferência de quatro horas condicionados. E ninguém assumiu objeções relativamente à proposta lançada pelo Presidente da República.