A evolução do número de pessoas infetadas numa epidemia é representada por uma linha num gráfico. Se o vírus caminhar livremente na população, essa linha vai fazer uma curva muito alta e muito acentuada num curto intervalo de tempo. Isso significa que a doença se está a espalhar por muita gente e muito depressa. Mas se o contágio for mais lento, essa linha vai ser mais baixa e mais ‘achatada’ ao longo de mais tempo. E é precisamente essa a missão que a população tem em mãos neste momento: achatar a curva (ou #flattenthecurve, em inglês), evitando o contacto social e ficando em casa para travar a velocidade do contágio.
Ter uma linha muito alta ou uma linha mais baixa resulta em cenários completamente diferentes. É que se um vírus atinge muita gente em pouco tempo, a procura pelos hospitais dispara em poucos dias. E os sistemas de saúde de todos os países do mundo têm um limite de capacidade: pode ser maior ou menor consoante o país, mas não é ilimitada. Há sempre um determinado número de camas em cuidados intensivos, de ventiladores, de médicos e enfermeiros, além de todos os restantes recursos necessários para tratar as pessoas.
O problema é que quando a linha é muito alta e acentuada, rapidamente ela ultrapassa esse limite de de resposta dos hospitais. É o mesmo que dizer que os sistemas de saúde deixam de ter espaço e recursos para tratar todas as pessoas que vão precisar de cuidados médicos. E a probabilidade de haver mais mortes aumenta. Já quando se consegue que o contágio seja mais lento, o número de casos a surgir ao mesmo tempo será menor e os doentes a precisar de internamento serão menos. É isso que dá tempo aos hospitais para gerirem melhor os seus recursos e, em última análise, salvar mais vidas.