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Coronavírus

Costa resiste a estado de emergência para que a “vida continue”

O primeiro-ministro defende que declaração de restrições de todos os direitos, liberdades e garantias é muito grave e "para já" não se justifica. António Costa pede isolamento social, mas ao mesmo tempo que os portugueses tentem "manter a sua vida" para que não se destruam empregos difíceis de recuperar

O acordo de rendimentos deve promover o aumento do salário médio que é uma das metas definidas por António Costa
MIGUEL A. LOPES

António Costa já escolheu o lado em que está na discussão sobre se deve ou não declarar-se o estado de emergência no país. Para o primeiro-ministro a crise será tão longa - pelo menos até ao final de Maio - que medidas restritivas tão agressivas punham em causa o resto da vida, ou seja, os empregos e o rendimento. Na entrevista ao Jornal da Noite da SIC, António Costa esteve sempre num limbo entre a necessidade de explicar que é preciso manter a contenção e o distanciamento social, para controlar a propagação do vírus e tirar pressão do SNS, e por outro a manutenção dos rendimentos e do emprego. "As medidas têm de ir sendo tomadas em função da necessidade de cada dia. Mas é necessário também que a vida continue", disse. Mais tarde, houve uma frase que acabaria por ficar a meio, mas que diz muito da decisão política que Costa tem em cima da mesa: "Se tudo pára..."

Perante isto, António Costa defende que antes de ser declarado o estado de emergência - a decidir por Marcelo Rebelo de Sousa depois de ouvir o Conselho de Estado na quarta-feira de manhã - ainda há um leque de medidas que pode ser tomado. Aliás, insiste, é possível ainda declarar o estado mais alto da proteção civil, o estado de calamidade. "Com o estado de calamidade é possível de forma responsável" tomar medidas, defendeu. Há um "quadro jurídico que nos permite ir escalando", reforçou.