Coronavírus

Trump proíbe viajantes oriundos da Europa durante um mês

Presidente americano pede 50 mil milhões de dólares ao Congresso para lutar contra coronavírus. Proibição de viajantes abre exceção para o Reino Unido

SAUL LOEB/GETTY IMAGES

Durante um mês será impossível viajar da Europa para os Estados Unidos da América, anunciou o Presidente americano, esta quinta-feira de madrugada (hora portuguesa, era noite de quarta em Washington). “Para impedir que novos casos entrem no nossos solo, vamos suspender todas as viagens da Europa para os Estados Unidos nos próximos 30 dias”, afirmou Donald Trump num discurso lido na Sala Oval da Casa Branca, ocasião rara que reflete a gravidade do momento.

A medida entra em vigor à meia-noite de sexta-feira, 13 de março. A exceção à proibição é o Reino Unido, afirmou Trump, que também disse que haverá isenções para americanos “que se tenham submetido a rastreios apropriados”. A proibição aplicar-se-á igualmente a mercadorias.

O chefe de Estado desaconselhou qualquer deslocação “não-essencial a zonas muito povoadas” e aconselhou os que não se sentirem bem a não saírem de casa. Trump alertou para os riscos que a pandemia representa para os mais velhos, que, recomendou, “devem ter muito, muito cuidado”, nomeadamente restringir visitas não-cruciais aos lares. Disse, em contrapartida, que “o risco para o americano comum é muito, muito baixo”.

Segundo Trump as capacidades de testar casos suspeitos nos Estados Unidos “estão em rápida expansão” e “não há país mais preparado ou resiliente”. Existem 1276 casos de infeção, segundo a Universidade Johns Hopkins, espalhados por 40 estados. Os óbitos ascendem a 37.

Esforço agressivo e abrangente

“Nunca hesitarei em tomar quaisquer medidas necessárias para proteger a saúde, segurança e bem-estar do povo americano”, prometeu Trump, que vai pedir ao Congresso que aumente o programa de combate ao surto do Covid-19 em 50 mil milhões de dólares (44 mil milhões de euros). “Não é uma crise financeira, apenas um período temporário que ultrapassaremos juntos, enquanto nação e mundo.”

O dirigente anunciou para breve “medidas inéditas” destinadas a apoiar aqueles a quem a doença impeça de trabalhar e criar linhas de crédito e tolerância fiscal para indivíduos e empresas nos Estados mais castigados pelo vírus. “Trata-se do esforço mais agressivo e abrangente para enfrentar um vírus externo na história moderna”, composto por medidas “fortes, mas necessárias”, disse.

Trump anunciou ter acordado com o sector dos seguros de saúde a isenção de pagamentos de medicamentos para tratar o coronavírus e alargar a respetiva cobertura, para “evitar contas médicas supresa”. A sua administração promete desburocratizar o acesso a terapias antivirais.

O Presidente recordou já ter adotado restrições às viagens com origem na China e ordenado as primeiras quarentenas compulsivas em meio século. É por isso, explica, que “há dramaticamente menos casos do vírus nos Estados Unidos do que presentemente na Europa”. Trump acusou a União Europeia de não ter tomado idênticas cautelas e afirmou que “muitos novos conjuntos [de casos] nos Estados Unidos foram semeados por viajantes da Europa”. As limitações aplicadas serão frequentemente reavaliadas.

“O nosso futuro permanece mais brilhante do que qualquer pessoa possa imaginar. Agindo com compaixão e amor, curaremos os doentes”, anteviu num discurso que abalou o arranque dos mercados de ações asiáticos. O índice ASX200, da bolsa de Sydney, abriu a cair 1 a 2,5%, com o japonês Nikkei a sofrer quebra de 2,54%.