Tatiana Moura, investigadora e coordenadora de vários projetos nacionais e internacionais sobre masculinidades e prevenção da violência de género, foi recentemente chamada a uma escola para uma sessão com turmas do 8º ano. O pedido surgiu depois de uma professora ter identificado comentários problemáticos entre os alunos. “Começaram a dizer coisas como ‘a professora deu melhor nota à minha colega porque é feminista’ ou ‘o meu pai mora com a minha empregada’, referindo-se à própria mãe, ou ainda, em resposta a colegas raparigas, ‘cala-te, tu devias era estar a lavar a loiça’.” Para ela estes comentários são “extremamente preocupantes”, sobretudo em rapazes de 12 anos, e revelam que “ainda há muito trabalho a fazer”. “É essencial agir de imediato com estes jovens”, sublinha a investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra. A visita à escola está marcada para breve.
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Masculinidade tóxica, discursos misóginos e redes sociais: “Temos falhado com os rapazes”
Psicólogos e investigadores ouvidos pelo Expresso afirmam que, embora os jovens estejam mais informados, “os comportamentos não mudam”, sobretudo na violência no namoro. Defendem mais diálogo entre pais e filhos, limites para o uso de telemóveis e internet, e a criação de “regras claras” para as redes sociais