Sem drama. Aquela coisa antiga de fazer telefonemas vai acabar de vez. E daí não virá mal ao mundo. Como posso ser tão taxativo? Dizem os especialistas que os indivíduos das gerações jovens e jovens adultos (os tais Z e milennials) consideram receber uma chamada telefónica “uma agressão que espoleta um episódio de ansiedade”. É isto. Um em cada quatro jovens britânicos nunca atendeu um telefonema no seu smartphone. E estou a ser injusto. Passei os meus primeiros anos de profissão agarrado a um telefone, numa redação, e a uma lista telefónica (googlem para saber o que era) a tentar descobrir determinado contacto para tentar chegar à fala com beltrano, e hoje reconheço que também odeio receber telefonemas inesperados. Sem sequer mandarem a mensagenzita prévia: “Posso ligar?” Não está encapsulado a uma geração. Vejamos: há dezenas de formas de comunicar. Portanto, conversar “ao vivo”, por voz, no aparelho não é mandatório. O mundo pode bem viver sem chamadas telefónicas quando tem mensagens de todo o tipo (de WhatsApp a áudios de toda a espécie), e, depois, os FaceTimes, Zooms e companhias. O problema do telefonema sem pré-aviso é o supetão, a brusquidão: quem será?, o que quer?, porque não avisou? É certamente uma má notícia. E se não estou preparado para as respostas? Já estou a panicar. Resultado: não se atende. Se fizer muita questão, manda mensagem. Ou volta a ligar.
Exclusivo
Requiem pelo telefonema
Há jovens que têm smartphones que seriam capazes de levar a Apollo 11 à Lua, mas nunca atenderam uma chamada. O “falar ao telefone” morreu