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Pelo menos 1366 interrupções voluntárias da gravidez não se fizeram em Portugal por passarem o prazo

Um em cada três hospitais não realiza IVG e ninguém sabe quantos médicos são objetores de consciência. Dados da Entidade Reguladora da Saúde mostram grande diferença entre o número de consultas prévias e o total de IVG realizadas

Nova maternidade do Hospital de Santa Maria
Tiago Petinga/Lusa

No primeiro grande estudo sobre acesso à interrupção voluntária da gravidez (IVG) em Portugal, levado a cabo pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS), detetou-se uma diferença entre o número de consultas prévias (a consulta com ecografia em que se vê a idade gestacional) e o total de IVG realizadas. Entre 2018 e 2022, as IVG finalizadas foram menos 7041 do que as consultas prévias. Em muitos casos não foi possível identificar o motivo para esta diferença, diz aquele organismo em resposta ao Expresso. No entanto, junto dos hospitais e das clínicas, a ERS conseguiu apurar que em pelo menos 1366 dos casos o procedimento não foi realizado por ter sido ultrapassado o prazo legalmente estabelecido. Isto é, ou a mulher descobriu a gravidez já após as 10 semanas ou o prazo foi ultrapassado no tempo que perdeu até conseguir uma consulta prévia.