Exclusivo

Sociedade

O “faroeste” no coração da cidade: o crack tomou conta da Mouraria

Moradores, comerciantes e juntas de freguesia denunciam situação “explosiva” de violência, consumo de droga a céu aberto e “tráfico às claras” na zona da Mouraria e acusam a polícia de nada fazer. Há bolsas de pobreza extrema, com inúmeros prédios degradados onde vivem, ao monte e em condições miseráveis, dezenas de migrantes, a poucos metros de edifícios reabilitados e transformados em imóveis de luxo ou em Alojamento Local (AL) para turistas

Nas Escadinhas das Olarias, junto ao Largo do Intendente, há pessoas a consumir crack a céu aberto a qualquer hora do dia

Ana Cysneiros tem medo de sair de casa. Nas Escadinhas das Olarias, a rua onde mora, junto ao Largo do Intendente, no centro de Lisboa, juntam-se a todas as horas grupos de toxicodependentes a fumar crack a céu aberto. Há conflitos permanentes que quase sempre terminam em violência e é rara a noite em que não acorda ao som de gritos. Já lhe tentaram bater, já a tentaram assaltar, já assistiu a roubos e até a um homicídio em pleno dia. “Parece que vivo no faroeste”, desabafa.