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“Não se pode legitimar o ciúme, o amor sofrido dos filmes, o quanto mais me bates mais gosto de ti”: maioria já sofreu violência no namoro

Os resultados do Estudo Nacional sobre Violência no Namoro 2024 são apresentados esta quarta-feira, quando se assinala o “Dia dos Namorados” e mostram que a maioria dos jovens não considera como violência uma série de comportamentos abusivos como diz já ter sido vítima seja na atual relação ou após o fim de uma relação. O controlo é o mais comum

Margarida Pacheco, coordenadora do ART’THEMIS+, programa de prevenção da violência de género na escola
Foto Rui Duarte Silva

Controlar as mensagens recebidas, saber o que se está a fazer nas redes sociais, impedir o namorado ou namorada de vestir determinada peça de roupa, seja por que motivo for, questionar com quem se está e onde. Tudo isto são formas de controlo, uma forma de violência que é das mais legitimadas nos namoros. Ou seja, muitas vezes não é vista como abusiva, tal como revelam os resultados do Estudo Nacional sobre Violência no Namoro 2024, apresentado esta quarta-feira pela UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta.

Em entrevista ao Expresso, Margarida Pacheco, coordenadora do projeto ART’THEMIS+, programa de prevenção da violência de género na escola da mesma associação, explica que tendencialmente quanto mais legitimado um determinado comportamento, maior a probabilidade de ser vítima ou infligir essa forma de abuso num relacionamento. “O que acontece muito nos jovens é: se o meu namorado ou namorada vê o meu telemóvel, eu não acho isso negativo e acho que tenho o direito de fazer igual. Sentem que estão em pé de igualdade. Mas esta igualdade tem que ser muito discutida.” Nesta entrevista fala-se ainda de prevenção, estereótipos, papeis de género e da importância de não romantizar o ciúme.