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Quebra inédita nos desempenhos dos alunos no PISA: procuram-se explicações

Resultados na maior avaliação internacional caíram na maioria da OCDE. Pandemia não é a única causa

Em Portugal, os testes PISA realizaram-se em 224 escolas, com uma amostra de 6800 alunos
Nuno Botelho

O desempenho dos alunos portugueses de 15 anos a Matemática caiu a pique em 2022, com uma queda de 20 pontos nos testes PISA (Programme for International Student Assessment), que constituem a maior avaliação internacional em Educação. Apesar de ter sido transversal à maioria dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), o declínio dos resultados foi particularmente acentuado em Portugal e quebrou a trajetória de melhoria registada entre 2000 e 2015. A pandemia, que obrigou ao fecho das escolas e impôs um ensino à distância para o qual ninguém estava preparado, teve, obviamente, impacto na prestação dos jovens, mas está longe de ser a única responsável pelo desaire. E a prova é que a média alcançada pelos estudantes de países cujos estabelecimentos de ensino estiveram encerrados até mais tempo do que em Portugal, como é o caso da Irlanda, por exemplo, caiu menos de metade da dos colegas portugueses. O que pode, então, ajudar a justificar o descalabro nacional?

Em Educação encontrar explicações cabais que permitam estabelecer uma relação de causa efeito entre uma determinada medida e as notas dos alunos, sejam elas boas ou más é um exercício complexo e arriscado, uma vez que as mudanças demoram tempo a produzir resultados. O certo é que, depois de uma estreia desastrosa no PISA em 2000, quando ficou nos últimos lugares da tabela, Portugal tinha vindo sempre a melhorar nas três áreas avaliadas — matemática, leitura e ciência. Em 2015, o país conseguiu ficar acima da média da OCDE em todas elas e na edição seguinte, em 2018, chegou mesmo a ser notícia por ser o único membro da organização a melhorar os resultados dos seus alunos de forma consistente desde que foi criada esta avaliação internacional. A maioria dos países vem a piorar já há dez anos.