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COP28: “Podemos reduzir a insegurança alimentar e ao mesmo tempo reduzir as emissões”, diz diretor da FAO

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) lançou este domingo o primeiro roteiro que visa transformar os sistemas agroalimentares mundiais em sumidouros de carbono até 2050, em vez de emissores líquidos de gases com efeito de estufa como o CO2 e o metano, mas este documento deve ter pouca expressão na declaração final da COP28, que termina terça-feira no Dubai (Emirados Árabes Unidos), como explica ao Expresso em entrevista David Laborde, Diretor da Divisão de Economia e Política Agro-Alimentar da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura.

David Laborde, Diretor da Divisão de Economia e Política Agro-Alimentar da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura.
CT

O sector da agricultura e utilização dos solos é responsável por cerca de 15% do total das emissões globais, e se a estas emissões diretas se juntar todo o sistema agroalimentar da produção até ao consumidor final, as emissões contam para 30% do bolo global. Tendo em conta estes números, a FAO lançou um roteiro para tornar neutras estas emissões até 2050. Em que consiste esta proposta?
O objetivo é transformar os sistemas agroalimentares e a forma como os alimentos são cultivados ou criados, transportados e eliminados e conseguir capturar 1,5 gigatoneladas de emissões de gases com efeito de estufa por ano em 10 áreas prioritárias, como a pecuária, o solo e a água, as culturas, os regimes alimentares e as pescas. E assim ajudar a acabar com a fome e fazer com que o planeta não ultrapasse o limite de 1,5 graus de aquecimento global, como estabelecido no Acordo de Paris. Dois dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).