Num canto lateral do Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações, duas dezenas de jovens de várias universidades e escolas secundárias formam um círculo no chão. São quatro da tarde de domingo e está prestes a começar o que dizem ser “a segunda assembleia-geral” do movimento Greve Climática Estudantil para preparar uma nova onda de ações pela justiça climática e “não dar paz ao Governo”. Depois de terem tentado impedir uma reunião do Conselho de Ministros e de terem atirado tinta e ovos aos ministros do Ambiente e das Finanças, preparam novas ocupações outonais pelo “fim aos combustíveis fósseis até 2030”. Prometem parar escolas e outras “instituições de poder”, que dizem estar a condená-los “a não ter um futuro”. A disrupção começa a 13 de novembro e culmina com uma “visita de estudo ao Ministério do Ambiente e da Ação Climática”, a 24 de novembro. Querem “mostrar ao Governo que, se continuar a roubar um futuro”, estão “prontos a tomá-lo pelas próprias mãos”.
Matilde Ventura, estudante de Antropologia de 19 anos e uma das líderes desta reunião, lê o “consenso de ação”, uma espécie de moção para a qual querem ideias dos ativistas presentes. Aqui não há palmas, só acenos com as mãos para cima ou para baixo, em sinal de aprovação ou desaprovação. Lido o documento, reúnem-se em pequenos grupos para discutir e propor ideias, entre as quais faixas com palavras de ordem, mas também um “fumo pirotécnico de carnaval” ou o uso de barbatanas e óculos na escola a lembrar que os eventos extremos incluem inundações.