Sociedade

“É um capítulo que se encerra, e a luta continuará”: a primeira reação de Rui Pinto à sentença do “Football Leaks”

O hacker comentou decisão do tribunal na rede social X, remetendo outros comentários à sentença para mais tarde

DE OLHO NO JUIZ. Pirata informático Rui Pinto no início do julgamento, no campus de Justiça, em Lisboa.
Nuno Botelho

Rui Pinto recorreu à rede social X (antigo Twitter) para os primeiros comentários à decisão judicial desta segunda-feira no caso “Football Leaks”, em que foi condenado a quatro anos de prisão, com pena suspensa.

Ouvi atentamente o resumo da sentença hoje proferida, e naturalmente há coisas que concordo, coisas que discordo, coisas pertinentes e coisas descabidas”, escreve o hacker. “Terei muito para dizer acerca desta decisão, mas não será hoje o dia. É um capítulo que se encerra, e a luta continuará.”

Rui Pinto respondeu por um crime de extorsão na forma tentada, 68 crimes de acesso indevido, seis de acesso ilegítimo, um de sabotagem informática e 14 de violação de correspondência.

O hacker terá ainda de pagar indemnizações à Doyen (3000 euros) e aos advogados que pertenciam à PLMJ (João Medeiros terá direito a 15 mil euros, enquanto outros dois advogados terão direito a 2039 euros cada um).

Na sentença, a juíza sublinhou que militaram a favor de Rui Pinto a idade que tinha à data dos factos, a ausência de antecedentes e o facto de, posteriormente, ter posto à disposição de um consórcio de jornalistas documentos que levaram a investigações de interesse público. Pesou também o arrependimento manifestado por Rui Pinto durante o julgamento.

Também na rede social X, multiplicam-se as reações à decisão judicial. “Uma sentença justa, tendo em conta a sua admissão de ilegalidades, arrependimento declarado e serviço público extraordinário prestado contra o crime organizado em Portugal e UE”, escreveu Ana Gomes.

Já a Repórteres sem Fronteiras (ONG internacional dedicada à defesa da liberdade de informação e de imprensa) manifestou-se “aliviada” por Rui Pinto evitar a prisão e por “a sua contribuição para o interesse público ser reconhecida”. No entanto, “a RSF lamenta que sua responsabilidade criminal não tenha sido ainda mais mitigada”.