As autoridades preveem que uma mudança da direção do vento leve o incêndio florestal que esta terça-feira deflagrou em Alcabideche a avançar numa direção inversa à das zonas periurbanas, disse à Lusa o presidente da Câmara de Cascais.
Pouco depois das 20h30, Carlos Carreiras (PSD) explicou que o vento continuava a ser a principal preocupação -- com o registo de rajadas até 60 quilómetros/hora -, perspetivando-se, depois das 21h00, "algum abrandamento da intensidade" do vento, bem como uma alteração da sua direção.
"Tem estado no sentido de todos os perímetros periurbanos, [mas prevê-se] que possa inverter no sentido da própria serra de Sintra. Para isso, foram já tomadas precauções, no sentido de colocar faixas de contenção, com máquinas de arrasto", afirmou, admitindo, ainda assim, que as variáveis em causa podem "ser alteradas a qualquer momento".
Perto de 900 animais retirados
Cerca de 880 animais da Associação São Francisco de Assis e de outro canil foram retirados das instalações devido ao incêndio, disse à agência Lusa o vereador Nuno Piteira Lopes. Os animais foram transferidos para o campo de futebol do Zambujeiro, encontrando-se em segurança, adiantou o vereador, responsável pela Associação São Francisco de Assis, pouco depois das 20h30.
Cerca de 800 cães e gatos estavam na Associação São Francisco de Assis e outros 80 cães estavam num canil junto à 3.ª Circular de Cascais. De acordo com o vereador na Câmara de Cascais, no distrito de Lisboa, as chamas chegaram junto à vedação da Associação São Francisco de Assis, situada em Alcabideche.
A operação para a retirada dos animais foi feita com o apoio da população, de várias associações e da organização IRA - Intervenção e Resgate Animal.
Habitações poupadas
O incêndio florestal que lavra desde esta terça-feira à tarde no concelho de Cascais não causou até às 19h30 danos em habitações, nem estava a colocar em risco o hospital concelhio, segundo um balanço feito pela Proteção Civil.
Em declarações aos jornalistas, o comandante do Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil da Grande Lisboa, Hugo Santos, adiantou que o incêndio, iniciado na freguesia de Alcabideche e para o qual foi dado alerta às 16h58, levou à retirada de várias pessoas de habitações, "por precaução".
"Neste momento a prioridade é salvaguardar as pessoas e as habitações. Não temos conhecimento de nenhuma habitação ardida. De qualquer forma, estamos a proceder já a um levantamento nas áreas onde é possível aceder em segurança", referiu Hugo Santos, no posto de comando, pelas 19h30.
O responsável explicou que o vento estava a ser ”o grande inimigo" no combate ao incêndio e descartou a necessidade de evacuar o Hospital de Cascais (também na freguesia de Alcabideche), próximo do local onde o fogo lavra. "O Hospital de Cascais está na direção da coluna de fumo, mas não corre qualquer risco, nem para os utentes do hospital, nem para os colaboradores", apontou.
Hugo Santos reconheceu que nas horas seguintes o combate seria dificultado pelo vento e pela "necessidade constante de reposicionar meios". "As próximas horas vão ser horas muito difíceis. Primeiro para conseguir dominar o incêndio e depois fazer uma consolidação através de máquinas de rasto", explicou.
Tráfego cortado na A5
Relativamente às vias interrompidas, foi cortada a circulação na Autoestrada5 (A5) e feitos alguns "cortes pontuais" nos caminhos circundantes. Fonte da GNR tinha já indicado à Lusa que a A5 foi cortada entre os nós de Alvide e Cascais, nos dois sentidos.
O incêndio, para o qual foi dado alerta às 16h58 na localidade de Zambujeiro, numa zona de serra, estava pelas 20h10 a ser combatido por 469 operacionais, apoiados por 133 veículos e 13 meios aéreos. A GNR indicou ter evacuado a aldeia de Zambujeiro. O fogo lavrou na serra, mas em direção à malha urbana mais densa.
O Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil da Grande Lisboa indicou ainda que um bombeiro sofreu ferimentos ligeiros por inalação de fumos.