Os treze militares do navio ‘Mondego’ acusados de desobediência no âmbito dos processos disciplinares abertos pela Marinha podem não vir a conhecem as sanções da Armada ainda esta quinta-feira. Esta foi a informação partilhada pelos seus advogados, Paulo Graça e Garcia Pereira, à comunicação social à porta da Direção Jurídica da Marinha.
Paulo Graça disse que a acusação aos treze militares da Marinha - que em março se recusaram embarcar para uma missão no navio 'Mondego' para acompanhar uma embarcação russa, alegando falta de condições de segurança - era já algo que a defesa estava à espera. “É genericamente aquilo que a Marinha já havia dito. Não há aqui nenhuma novidade. É a formalização de algo que foi construído desde o primeiro momento”. E será uma medida genérica para todos os militares acusados por desobediência.
Paulo Graça confirmou que a prisão para os militares pode estar em cima da mesa mas deixou tudo em aberto: “O problema é que não se diz a cada um deles a sanção que está em vista. Todos os militares foram colocados no mesmo bolo.” E esse vai ser um dos argumentos da defesa, adianta Paulo Graça.
Garcia Pereira, o outro advogado dos militares, acrescentou que os arguidos “estão bem, de cabeça erguida”.
A defesa tem agora dez dias para contestar a acusação.
Na quarta-feira, a ministra da Defesa, Helena Carreiras, tinha defendido que as ordens nas Forças Armadas “não são negociáveis” e “só há espaço” para desobedecer a ordens ilegais, numa referência à polémica com os treze militares que se recusaram embarcar no navio ‘Mondego’.
“As ordens não são negociáveis. Só há espaço para não obedecer a ordens ilegais. A disciplina militar é indispensável para assegurar a eficácia de missões, mesmo quando se discorda, ou em situações de elevado risco, inclusive de guerra”, considerou a ministra, citada pela agência Lusa.
Helena Carreiras falava na comissão de Defesa, na Assembleia da República, e respondia ao líder parlamentar da Iniciativa Liberal (IL), Rodrigo Saraiva, que requereu a audição da governante para debater a polémica.