Portugal é o terceiro país, numa lista de 46, que mais confia em notícias, com 58% dos portugueses a confiarem na comunicação social. Esta é uma das principais conclusões da edição deste ano do Reuters Digital News Report, publicado esta quarta-feira. À frente de Portugal, encontram-se a Finlândia (69%) e o Quénia (63%).
Portugal não se encontra distante apenas de países como a Itália (34%), a Espanha (33%) ou a Grécia (19%), mas também dos países do centro da Europa como a Alemanha (43%) ou a França (30%).
Salienta-se ainda no caso português que, no ano de 2023, cerca de sete em cada dez portugueses dizem estar preocupados com o que é real e falso na internet. Essa preocupação é maior entre os portugueses que dizem confiar nas notícias: 81,5% dos que confiam estão preocupados com a legitimidade dos conteúdos online. Já quando se trata do grupo que não confia, essa percentagem é de 64,7%.
Até aos 44 anos de idade, os portugueses tendem a confiar menos em notícias do que a maioria dos portugueses. Já “os portugueses mais velhos, nomeadamente os que têm entre 55 e 64 anos e 65 ou mais anos, tendem a confiar mais em notícias do que a generalidade da amostra”.
Apesar de ser dos países que mais confia em notícias, Portugal surge, neste relatório, como um dos mercados no qual menos se paga por notícias online. Apenas 10,9% dos portugueses dizem ter pagado no ano anterior.
Abaixo da média global (17%), além de Portugal, surgem ainda a Bélgica, a Irlanda, a Polónia, a Áustria, a Espanha, a Itália, o Canadá, a Alemanha, a França, o Japão e o Reino Unido. Apenas os últimos dois surgem abaixo de Portugal. No polo oposto destacam-se a Noruega e a Suécia como os países em que mais se paga pelo consumo noticioso online.
Entre aquilo que leva os portugueses a pagar por notícias, sublinha-se o acesso ao conteúdo distinto ou exclusivo que não encontram noutras fontes (40,0%), melhor qualidade via subscrição do que em fontes gratuitas (36,5%) e promoções/descontos (33,9%).
Já sobre aquilo que leva quase 90% a não subscreverem notícias online, realça-se que “27% dizem que o fariam se o preço fosse mais acessível, 16,8% indicam que o conteúdo não é suficientemente relevante para si e 16,5% afirmam que prefeririam pagar por um serviço que permitisse aceder a vários sites de notícias em simultâneo”.
Além de Portugal se destacar no ranking de países que confiam nas notícias, é também o quinto país que mais atribui importância pessoal aos serviços de notícias públicos. Quase 60% dos portugueses partilham dessa opinião.
Mais de metade dos portugueses dizem ter interesse em notícias
Dos portugueses que usam a internet, 52,1% dizem ter interesse por notícias. Apenas 10% dizem não estar interessados, o dobro do valor de 2021. Contudo, 36,2% encontram-se neutros em relação ao assunto.
Apesar do aumento de um ponto percentual (no que toca ao número de interessados) face ao ano de 2022, este continua entre os piores resultados dos últimos anos. Entre 2015 e 2021, o valor de população interessada nunca foi inferior a 60%. Quanto ao número de pessoas não interessadas, só em 2022 e em 2023 é que este número chegou às dezenas, até então o valor mais alto registado tinha sido 6,5% em 2019.
Tal como o nível de confiança é menor entre os mais jovens, estes também são aqueles que menos se interessam pelas notícias. Dos 18 aos 24 anos, apenas 34,4% é que se mostram interessados. Já a partir dos 65 anos esse valor é de 73,7%.
“Os portugueses que menos se interessam por notícias tendem a ser mais jovens, menos escolarizados, com menor rendimento do agregado familiar e indecisos em termos políticos”, lê-se no relatório.
Quanto aos aspetos que mais interessam aos consumidores de notícias portugueses, destacam-se notícias com pendor positivo e construtivo (63,9%), notícias que se focam em soluções em detrimento de problemas (55,9%) e notícias que permitem compreender melhor temas complexos (54,9%).
A televisão continua a ser a principal fonte de notícias dos portugueses: 67,6% dizem ter utilizado este meio para se informar na semana anterior, mas somente 51,0% recorrem a este meio como principal fonte de notícias. Seguem-se a internet (19%) e as redes sociais (18,8%).
O trabalho de campo que serviu de base ao estudo foi realizado pela empresa de sondagens YouGov. Foram entrevistados mais de 93 mil adultos, incluindo cerca de 2000 em Portugal. A recolha foi feita online, entre o final de janeiro/início de fevereiro de 2023.