As crianças de hoje comem mais do que as gerações anteriores ou comem pior?
As duas coisas. Comem mais, porque temos maior disponibilidade de alimentos; basta olhar para o caso das bolachas ou para os cereais de pequeno-almoço, que antes estavam numa prateleira do supermercado e agora ocupam um corredor inteiro. Mas também comem pior, porque a oferta de alimentos é de pior qualidade. Provém mais da indústria e menos diretamente da Natureza, tem maior número de calorias por grama e menos nutrientes protetores, como as fibras, as vitaminas e os sais minerais. E os hábitos mudaram. Enquanto antigamente só se comiam chocolates na Páscoa ou no Natal, agora é quase dia sim, dia não. Tudo isto, associado ao sedentarismo, faz com que a obesidade infantil tenha cada vez mais expressão.
Qual é a dimensão do problema em Portugal?
O último estudo é de 2019 e aponta para quase 30% das crianças com excesso de peso e obesidade. Vai ser publicado em breve o novo relatório e eu estou com receio que os números sejam ainda piores porque houve a pandemia pelo meio. E na pandemia as crianças aumentaram bastante de peso.