Na rua Mouzinho da Silveira, na Baixa do Porto, prosseguem os trabalhos para reparar o buraco de 20 metros deixado sem paralelos pela força da chuva que caiu no sábado, mas as esplanadas arrastadas pelo corrente já estão de novo prontas a receber clientes.
Na zona, há algumas caves inundadas ainda a ser limpas pelos comerciantes que repetem nunca ter visto nada assim por ali, com a torrente a levar tudo à frente, pela hora do almoço. Nas Fontainhas, onde houve casas inundadas e móveis a boiar em alguns lares, as queixas dos moradores também se fazem ouvir, mas o comboio que liga São Bento a Campanhã voltou a circular tranquilamente.
“O pior já passou depois do evento de ontem. Durante a noite ainda choveu com alguma intensidade no distrito do Porto, mas o quadro é, agora de desagravamento”, diz ao Expresso Pedro Sousa, meteorologista do IPMA.
A faixa de precipitação “avança, agora, devagar para sul. Temos avisos laranjas em Aveiro, Viseu e Guarda. Coimbra, Castelo Branco e Leiria estão com aviso amarelo, mas o quadro é mais de persistência da chuva do que de intensidade”, explica.
Quanto ao que aconteceu no sábado, no Porto, os dados ainda estão a ser trabalhados, mas o pico de chuva que caiu no centro da cidade cerca das 12h estará longe de corresponder a um registo recorde.
“Os números que temos nas duas estações do IPMA junto ao centro apontam para valores na ordem dos 25 milímetros numa hora”, refere Pedro Sousa. Ao longo do dia, o total acumulado na cidade deverá estar entre os 40 milímetros e os 65 milímetros, “nada de especialmente significativo ou inédito, apesar de serem números relevantes e de metade deste valor ter caído em cerca de uma hora”, comenta.
Nas inundações de Lisboa, em meados de dezembro, há registos que duplicam os valores do Porto, exemplifica.
O climatologista Mário Marques coincide nesta opinião, sublinhando que em anos anteriores, como 2019, há registos que passam os 100 milímetros num dia, no Porto. “Todos os números têm ainda de ser verificados, analisados e comparados, mas a leitura que temos em duas estações privadas na zona mais afetada pela chuva intensa que caiu no sábado, apontam para um máximo de 35 a 40 milímetros numa hora”, conclui