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“As escolhas dos anos 80”: o que aconteceu há 40 anos e que Marta Temido diz ainda ter “reflexo” hoje em dia no SNS?

A ministra da Saúde atribuiu os problemas de hoje nas urgências a uma medida tomada nos anos 80 e a oposição, liderada por Luís Montenegro, não gostou de ouvir. Mas o que aconteceu, exatamente, nessa altura? Qual era o estado da Saúde de então? Quem eram os decisores? E por que tomaram as decisões que tomaram? Este é o texto que lhe dá o contexto - e dois pontos de vista sobre a posição de Temido

PEDRO NUNES

Quando António Araújo entrou no curso de medicina da Universidade do Porto, em 1981, eram pouquíssimos alunos. “Não mais que umas quantas dezenas”, recorda. Por essa altura, a formação só era dada em mais duas faculdades, uma em Lisboa, outra em Coimbra. O homem que hoje dirige o serviço de Oncologia do Centro Hospitalar Universitário do Porto e preside o Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos foi dos jovens que entrou no primeiro ano em que a quebra no número de vagas para estudar medicina se fez sentir.

“Foi ainda mais difícil, porque havia muito poucos lugares.” Em 1979 e 1980 houve, em cada ano letivo, 805 vagas, daí em diante o número foi a descer até atingir um mínimo, em 1986, de 190.