José Eugénio Soares é muito menos conhecido que Jô Soares. Mas ambos são aquele humorista brasileiro nascido em 1938 que já nos habituámos a ver desdobrado em 300 personagens. É um homem de coisa pouca como 15 milhões de espectadores de audiência do seu programa de televisão. Talvez por isso, de vez em quando, tem umas saudades incontroláveis de voltar ao palco. Àquela intimidade de salas de... dois mil e quinhentos lugares. Esgotadas! Sorte nossa que de 27 a 31 de Janeiro [2004] ele estará no Centro Cultural de Belém com o seu sétimo espectáculo a solo, "Na Mira do Gordo". Mais uma vez se apropria do quotidiano para criar personagens e visitar situações em que mais ou menos todos podem rever-se.
Jô Soares não é propriamente um hiperactivo, mas a verdade é que não para de produzir humor sob forma escrita, teatro, televisão, cinema, literatura, artes plásticas e mais aquilo de que se lembra para fazer rir planetariamente. Porque o humor é uma «segunda natureza».
Este é o seu sétimo espectáculo a solo, depois de cinco anos fora dos palcos. Tem mudado a forma ou principalmente os conteúdos?
Acho que as duas coisas porque, à medida que se vão fazendo espectáculos a solo, uma pessoa vai-se livrando dos adereços de cena. Com o tempo vai-se fazendo um espectáculo mais enxuto do ponto de vista da forma. E o conteúdo é o que é mais importante mudar. Este espectáculo serve-se da observação do quotidiano de cada um de nós.
Distribui a sua actividade por vários campos artísticos. Como é que decide o momento oportuno para um solo?
Um «one man show» como este não é incompatível com as minhas outras actividades porque eu nunca páro uma coisa para fazer outra. Estou sempre a somar. Mas implica saudades do palco. Eu sou basicamente um actor, toda a minha formação é de comediante. Apesar de eu fazer um programa na televisão que é um «talk-show», faço questão de ter plateia. A plateia é que dá toda a energia necessária e o calor humano ao espectáculo. No palco é que me renovo e reencontro.