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“A gente tem de se precaver”, mas “quando é para arder, arde tudo igual”: reportagem onde homens e mulheres esperam pelo fogo que há-de vir

Em Canedo, Ribeira de Pena, e em Cavez, Cabeceiras de Basto, as memórias do fogo estão bem vivas. No verão as temperaturas ultrapassam os 40 graus e o risco de incêndio é máximo nestas duas aldeias do interior norte de Portugal. As pessoas estão habituadas ao calor, mas quando se trata se fogos não há precaução que baste: “Medo temos, preparados ninguém está” porque “haja prevenção ou não haja, quando tiver que arder, arde tudo igual”

A aldeia de Canedo, em Ribeira de Pena, Vila Real, fica isolada no meio de uma serra. Os bombeiros mais próximos situam-se a 25km
Rui Farinha / NFactos

“O incêndio foi ali, até àquele alto acolá em cima. Tivemos medo que chegasse até cá abaixo, às casas”. Maria Gomes fala enquanto aponta para a Serra de Santa Comba, onde deflagrou um incêndio este domingo, ao início da tarde, em Canedo, no concelho vila-realense de Ribeira de Pena. O fogo que ficou controlado na segunda-feira não foi o maior de que tem memória: “Há uns anos, em 2010, ficámos cercados. Não ficou nada verde, pouco ou nada”.

Canedo é uma pequena freguesia que fica “isolada no meio de uma serra”. “Medo temos e preparados ninguém está”, suspira. Os bombeiros mais próximos são os de Ribeira de Pena e ficam a cerca de 25 quilómetros. “Bombeiros, GNR, postos médicos, INEM.... É bonito, mas ficamos isolados no meio de tudo”.