A onda de calor, associada ao vento forte e à seca severa em boa parte do território português são o cocktail perfeito para que o país seja assolado por incêndios, alguns dos quais ainda podem tomar grandes dimensões. O Governo está em alerta e decretou até ao próximo dia 15 de Julho o estado de contingência. Este domingo de manhã, a situação geral parecia mais calma, contudo, os dois grandes incêndios que começaram em Ourém e Pombal alastraram para os concelhos vizinhos de Ansião e Ferreira do Zêzere e há o risco de se unirem numa grande frente de fogo.
Entretanto, esta manhã, para acompanhar a situação de perto, o Presidente da República deslocou-se até Carnaxide para assistir ao briefing da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC).
Aliás, já ontem o primeiro-ministro tinha informado que iria ficar em Portugal - tinha uma visita oficial a Moçambique - para acompanhar a situação. Decisão acompanhada por Marcelo Rebelo de Sousa, que tinha uma deslocação agendada a Nova Iorque.
Este domingo, há uma ligeira baixa das temperaturas, mas isso não significa uma redução do risco, antes pelo contrário. Além das temperaturas, o que preocupa as autoridades de proteção civil é o vento, de moderado a forte, que pode não só potenciar e descontrolar incêndios como dificultar o trabalho de combate.
Esta situação, que se deverá manter pelo menos até quarta-feira, deixou o país político em alerta. O Governo decidiu ontem decretar o estado de contingência, de carácter preventivo, durante uma semana . Os piores dias, prevê a Proteção Civil, podem ainda estar reservados para o início da semana. Segunda, terça e quarta-feira são os dias em que os elementos se podem agravar, daí o elevar do estado de alerta, que vigora ainda este domingo, para o de contingência, que vigorará de segunda e sexta-feira.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera prevê que apenas Beja e Castelo Branco (41) e Évora (42) ultrapassem os 40 graus. Contudo, as previsões são que as temperaturas se mantenham anormalmente altas, sobretudo a sul e no interior do território nacional: Portalegre (39) Setúbal e Vila Real (38); Lisboa, Santarém, Viseu e Bragança (37); Braga (36); Guarda (35); Faro (34); Coimbra (32); Leiria (29); Viana do Castelo (25) e Porto e Aveiro (24).
Em declarações à CNN Portugal, a secretária de Estado e da Proteção Civil avisa para um risco acrescido nos próximos dias: "O que temos em mãos são: incêndios descontrolados, progressões rapidíssimas, colunas de fumo enormes. Os próximos dias não serão mais fáceis, pelo contrário, tudo aponta para que agrave", disse.
Incêndios de Ourém e Pombal podem unir-se
Este domingo de manhã, o site da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil dava conta de mais de dois mil bombeiros no terreno, apoiados 15 meios aéreos.
Os dois incêndios que a esta hora causam maior preocupação são os tiveram início já na quinta-feira, em Ourém, e na sexta-feira, em Pombal. Os dois incêndios já alastraram para os concelhos vizinhos de Ferreira do Zêzere e Ansião e podem vir a unir-se.
No concelho de Ourém, distrito de Santarém, continua a lavrar um incêndio que começou na quinta-feira à tarde na Cumeada e que anda agora na freguesia da Freixianda. Este domingo de manhã estavam 762 homens a combater, apoiados por 244 viaturas e oito aeronaves.
Um pouco mais a norte, no distrito de Leiria, o incêndio de Abiul-Vale de Pia, no concelho de Pombal, que começou na sexta-feira depois de almoço, está a requerer muita atenção e já tem mais de 500 homens no combate, com 159 viaturas e três aeronaves.
A norte, o incêndio de Carrazeda de Ansiães (Bragança), que também começou a lavrar na quinta-feira à tarde, mobilizava 204 homens e uma aeronave.