Sociedade

Serviços prisionais sul-africanos excluem envolvimento de terceiros na morte de João Rendeiro, autópsia só na segunda-feira

Segundo o responsável do Departamento de Serviços Penitenciários da África do Sul, “a investigação está em curso e o relatório da autópsia será dado a conhecer à família”

Luis Miguel Fonseca

Os serviços prisionais sul-africanos confirmaram hoje que não houve envolvimento de outras pessoas na morte do antigo presidente do BPP, João Rendeiro, encontrado sem vida durante a noite de quinta-feira na prisão de Westville, em Durban.

“Ele estava numa cela única quando se enforcou. Foi depois de trancado, portanto ninguém podia estar envolvido ou ter acesso a ele”, explicou à Lusa o porta-voz dos serviços prisionais da África do Sul, Singabakho Nxumalo.

Segundo o responsável do Departamento de Serviços Penitenciários, “a investigação está em curso e o relatório da autópsia será dado a conhecer à família”, adiantando não ter ainda informação de quando é que a autópsia será realizada.

A exclusão de terceiros na morte do ex-banqueiro foi também avançada esta manhã pela CNN Portugal, com base em informações da polícia sul-africana.

Cônsul-honorário português identifica corpo na morgue de Pinetown

O cônsul-honorário de Portugal em Durban, Elias de Sousa, deixou hoje pouco antes do meio-dia (11:00 em Portugal) a morgue de Pinetown, confirmando que ali se encontra o corpo de João Rendeiro.

Com um lacónico "confirmo" durante breves declarações ao jornalistas, Elias de Sousa e a esposa deixaram o local com um semblante agastado e sem prestar mais declarações.

O corpo de João Rendeiro chegou à morgue a meio do dia, na sexta-feira, e a autópsia só poderá acontecer a partir de segunda-feira, altura em que são retomados os trabalhos após o fim-de-semana, referiu fonte do serviços forenses sul-africanos.

O corpo foi identificado ainda na sexta-feira pelo cônsul-honorário e hoje procedeu-se ao preenchimento de documentos associados ao caso.

Segundo a mesma fonte, os resultados da autópsia deverão passar depois pela equipa de investigação do caso.

Além de quem lida com o caso, a morte de João Rendeiro passa ao lado da atualidade sul-africana. Ao contrário do que acontece em Portugal, o assunto está fora do radar mediático: há alguns artigos em portais na Internet sobre um "banqueiro português fugitivo que morreu na prisão", mas não faz parte das capas nos quiosques de Durban desta manhã.

O antigo presidente do BPP João Rendeiro, detido na África do Sul desde 11 de dezembro de 2021, após três meses de fuga à justiça portuguesa para não cumprir pena em Portugal, morreu na quinta-feira à noite na prisão de Westville.

A advogada do ex-banqueiro, June Marks, afirmou que que Rendeiro foi encontrado morto na cela, na véspera de uma sessão preparatória para o julgamento do processo de extradição para Portugal, previsto para 13 a 30 de junho. As autoridades sul-africanas estão a investigar as circunstâncias da morte.

João Rendeiro foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do BPP, tendo o tribunal dado como provado que retirou do banco 13,61 milhões de euros.

O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.

Contactos e serviços disponíveis para prevenção do suicídio:

SOS VOZ AMIGA (16h-24h): 213 544 545 / 912 802 669 / 963 524 660 / 800 209 899 (21h-24h, linha verde gratuita)
CONVERSA AMIGA (15h-22h): 808 237 327 / 210 027 159
VOZES AMIGAS DE ESPERANÇA DE PORTUGAL (16h-22h): 222 080 707
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