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Dois sismólogos e um geodesista entram num restaurante e multiplicam-se as teorias sobre São Jorge. “É um mistério”, dizem eles

A crise sísmica na ilha açoriana intriga os cientistas que a estudam e discutem à mesa. Os novos dados sugerem que está a haver um afastamento da falha tectónica em que assenta a ilha, mas ainda é tudo “muito complexo”. Há factos: de repente, em menos de dez dias, já ocorreram mais de 14 mil sismos em São Jorge, o dobro dos registados em todo o ano passado nos Açores. E uma certeza: “Em sismologia não é possível saber o que vem a seguir”

O sismólogo João Fontiela e o estudante de doutoramento da FCUL, Osório Cavacundo (de pé), instalam estação sísmica na ilha de São Jorge, em condições atmosféricas adversas

Joana Pereira Bastos e Rúben Tiago Pereira, em São Jorge (Açores)

Na vila de Velas, a zona mais afetada pela vaga de sismos que há mais de uma semana atinge a Ilha de São Jorge, há muitas casas fechadas e quase ninguém nas ruas. O medo levou metade da população a deixar o concelho. À noite, o pouco movimento converge para o único restaurante que se mantém aberto: é lá que jantam muitos dos cientistas que vieram monitorizar o fenómeno.

À mesa, trocam-se dados e discutem-se teorias, mas não há consenso nem certezas sobre as causas da atual crise sísmica. E muito menos sobre as consequências que pode vir a ter.