Sociedade

Covid-19. Governo alivia medidas: “É um momento muito importante”, diz Mariana Vieira da Silva. Número de óbitos é o que separa o país do nível zero

Conselho de Ministros opta por seguir boa parte das recomendações dos peritos. Mariana Vieira da Silva fala em “momento muito significativo”, sem se comprometer com datas para a ‘libertação total’ de restrições

O Governo confirmou a entrada em vigor das medidas sugeridas pelos peritos no encontro desta quarta-feira no Infarmed (leia-as AQUI). À saída da reunião do Conselho de Ministros, a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, definiu este como “um momento muito importante, mais um passo para regresso a uma vida normal”. A entrada em vigor das novas medidas, na verdade a anulação de medidas que ainda vigoravam, não tem ainda data fechada, mas deverá acontecer nos próximos dias. “A prática do Presidente da República é de promulgação [dos diplomas] muito rápida. Julgo que podemos contar com os próximos dias“, prevê a ministra.

Antes de apresentar o novo quadro de medidas, Mariana Vieira da Silva repetiu os números mais recentes, que põem o país numa situação confortável: um R(t) “já claramente abaixo de 1 e em rota descendente” (é agora de 0,76)”, com uma incidência acumulada a 7 dias “ainda elevada” (1302,7 casos por 100 mil habitantes), mas em queda “muito significativa”, além da queda dos internamentos em enfermaria e em unidades de cuidados intensivos (no total, 2141 pessoas internadas, abaixo do limite de 2560 para esta onda pandémica).

O único indicador que não permite passar ao nível zero, aquele que permitirá uma espécie de “libertação total” de restrições, é o de óbitos. “O número de óbitos é ainda muito elevado: dados de ontem verificaram 46 óbitos, e é o indicador que ainda se encontra mais distante dos objetivos definidos pelo ECDC“, indicou a ministra. A meta é não ultrapassar os 20 óbitos por milhão de habitantes a 14 dias – e Portugal está ainda nas 63 mortes por milhão a 14 dias.

Mariana Vieira da Silva, como ontem Marta Temido, foi insistindo que este “não é o momento de dizer que a pandemia acabou”. Talvez para o vincar, a ministra manteve o hábito de pôr a máscara a cada pergunta dos jornalistas, para a tirar 10 segundos depois para falar. Não sendo o fim, é ainda assim “um momento muito significativo”, congratulou-se.

Testes vão diminuir, mas prescrições mantêm-se

A política de testagem é também para mudar. Por um lado, lembrou a ministra, o facto de os testes deixarem de ser obrigatórios para a entrada numa série de espaços e eventos (restaurantes, bares, discotecas, jogos de futebol) faz com que haja menos necessidade de manter a corrida às farmácias. Por outro, porque o número de pessoas que já contactaram com o vírus é cada vez maior. Por agora, mesmo sabendo que a testagem vai cair, “não há nenhuma decisão sobre os apoios aos testes antigénio“, respondeu Mariana Vieira da Silva. Ou seja, a comparticipação de testes nas farmácias mantém-se como até aqui. Além disso, a quem ligar para a linha Saúde 24 por ter contactado com um caso positivo “podem ser prescritos testes, como hoje acontece“.

Os testes permanecem assim obrigatórios apenas para sintomáticos, para entrada em lares e hospitais e como “prática recomendada em profissionais com relação direta com populações vulneráveis”. Para a restante população, apesar de tudo, “faz parte da nossa vida e gestão diária da utilização de testes quando temos sintomas ou tivemos contacto com alguém que sabemos que entretanto testou positivo“.

O que muda para, por exemplo, um coabitante de alguém com covid-19 é mesmo o isolamento. A ministra lembrou que maiores detalhes sobre isolamentos (como o número de dias ou a hipótese de alguém assintomático não precisar de se confinar) são matéria que compete à DGS. O que o Governo faz é “medidas políticas” – neste caso, decretando que uma pessoa que teve apenas um contacto de risco (e não testou positivo) não pode ser confinada.

O que fica na mesma é a utilização da máscara. “É obrigatória em todas as situações em que ela é hoje obrigatória“, repetiu Vieira da Silva. Espaços interiores, “seja em serviços públicos, seja em estabelecimentos comerciais, seja em interiores, nas salas de aula, e nos eventos de muito grande dimensão, como os estádios de futebol”. O motivo, explica a governante, é a incidência “ainda elevada” no país.

Por agora, o Governo não se compromete com uma data para passar ao nível zero, aquele em que as restrições terminam. “Não é um calendário que possamos definir, mas a previsão dos peritos é de cerca de cinco semanas“, disse a ministra. A avaliação deste nível 1 será quinzenal.