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Aldeia da Covilhã revoltada contra exploração de lítio

A assinatura dos contratos para a exploração de lítio, numa área de 2500 quilómetros quadrados do Interior do país, está a levantar um clamor de protestos

“Daqui até Mação vamos ter uma enorme cratera”. O desabafo de Luís Morais é feito a 760 metros de altitude, na serra da Argemela, onde a luta contra a mineração de lítio dura há uma década. Ao fundo está o vale do Zêzere, extensas áreas agrícolas e uma paisagem verde, já recuperada dos fogos.

O contrato para a mineração nos concelhos do Fundão e Covilhã foi assinado a 28 de outubro, um dia depois do chumbo do Orçamento e do anúncio da dissolução do Parlamento, que tinha pedido a apreciação da estratégia para o lítio.

Decisão confirmada pela própria Direção-geral de Energia, que numa nota enviada à agência Lusa, esclarece que o contrato de concessão para a exploração de lítio e de outros minerais, “foi assinado com a empresa que apresentou o pedido de concessão a 28 de outubro de 2021”.

Foi o suficiente para a revolta da população da aldeia de Barco, no concelho do Fundão. A aldeia está localizada no vale, a 300 metros do rio Zêzere e a 600 da futura mina a céu aberto, que terá 3 escombreiras no alto da montanha e uma lavaria para o minério.

“Uma falta de respeito para com o povo”, desabafa Gabriela Margarido, a advogada que lidera a Associação para a Proteção da Serra da Argemela (APSA).