Sociedade

COP26. Plano para tornar as atuais energias verdes mais baratas anunciado na cimeira do clima

Líderes mundiais do Reino Unido, Estados Unidos e China, que representam dois terços da economia global, acordaram na COP26 em desenvolver energias limpas a preços menores do que as atuais alternativas

José Fernandes

Uma relevante decisão foi tomada na COP26, a cimeira do clima da ONU em Glasgow: líderes mundiais representativos das três maiores economias do mundo, Reino Unido, Estados Unidos e China, acordaram em desenvolver um plano para coordenar a introdução global de energias limpas a preços mais baratos que os custos atuais associados a estas energias alternativas.

Mais de 40 nações concordaram em alinhar padrões e coordenar investimentos no objetivo de acelerar a produção e antecipar o "ponto de inflexão" para que as tecnologias verdes se tornem mais baratas e acessíveis do que as alternativas que envolvem combustíveis fósseis, segundo avança o The Guardian.

"Ao tornar a tecnologia limpa e essa opção mais acessível e atrativa que o padrão nos sectores mais poluentes, podemos efetivamente cortar as emissões em todo o mundo", salientou Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, que é anfitrião da COP26, citado pelo jornal britânico.

Além do Reino Unido, China e Estados Unidos, também outros países foram subscritores da Breakthrough Agenda, como a Índia, a Austrália ou a própria União Europeia. À cabeça dos cinco primeiros avanços delineados, figuram a eletricidade limpa, veículos elétricos, aço verde, hidrogénio e uma agricultura sustentável.

Na mira, está a meta de tornar estes objetivos acessíveis e disponíveis para todas as nações até 2030 e criar 20 milhões de novos empregos. Recorde-se que a transição global para a energia e veículos verdes é vital para enfrentar atual crise climática, e que as economias de maior escala são relevantes no que toca aos custos de produção que envolvem maiores volumes.

O Glasgow Breakthroughs acordado na COP26 irá mexer neste objetivo, "para que até 2030 tecnologias limpas possam ser aproveitadas em todos os lugares, não apenas reduzindo as emissões, mas também criando mais empregos e maior prosperidade", sublinhou Boris Johnson na cimeira do clima, após ter anunciado um pacote financeiro de três mil milhões de libras para apoiar a tecnologia verde nos países em desenvolvimento.

Os novos planos acordados incluem ainda uma iniciativa global de eletricidade lançada pelo Reino Unido e a Índia, e que foi subscrita por 80 países. A Iniciativa Green Grids visa mobilizar vontade política e financiamento para criar super-redes internacionais em todos os continentes e conectar desertos e costas ventosas com centros populacionais, com vista a fornecer eletricidade confiável a partir de energias renováveis para esses locais mais difíceis.

Outra iniciativa relevante avançada na COP26 foca-se na produção de eletricidade limpa no hemisfério sul, contando com um orçamento inicial de 10 mil milhões de dólares assegurado pelo Banco Mundial, a Fundação Rockefeller, ou Fundo Bezos Earth, entre outros. O The Guardian lembra ainda que os fundos de pensão do Reino Unido e da Escandinávia também anunciaram que iriam investir 130 mil milhões de euros em energia limpa até 2030.

Os autores de um relatório publicado para apoiar a Breakthrough Agenda concluíram: “A colaboração internacional pode criar inovações mais rápidas, maiores economias de escala e incentivos mais fortes para o investimento, com vista a acelerar o progresso em direção a pontos de inflexão onde soluções limpas se tornam as opções mais acessíveis e atrativas em todo o mundo".

Outros acordos voluntários subscritos na 'Breakthrough Agenda' da COP26 referem-se ao fim do desmatamento até 2030 e também às emissões globais de metano, um gás com relevante efeito de estufa. No sector da agricultura, as regras coordenadas envolvem parar com as importações de carne, soja, palma ou cacau, que obrigam a processos de desmatamento e podem acelerar a destruição florestal.

Os líderes dos principais países a nível mundial comprometeram-se ainda a discutir e a fortalecer todos os anos o progresso global a nível das inovações realizadas, com o suporte de relatórios liderados pela Agência Internacional de Energia.