Sociedade

Bastonário da Ordem dos Médicos reage a entrevista de Manuel Heitor: “O curso de Medicina tem de se manter assim, como é em todo o mundo”

Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar considera “que as declarações do senhor ministro do Ensino Superior são desrespeitosas”. Manuel Heitor sugeriu uma simplificação da formação dos médicos de família e anunciou a intenção de abrir até 2023 três novas escolas de Medicina

ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, reagiu com insatisfação à entrevista desta quinta-feira do ministro do Ensino Superior, Manuel Heitor, ao "Diário de Notícias". O governante sugeria uma simplificação da formação dos médicos de família - "tem um nível de formação menos exigente do que a formação de médicos especialistas".

“Quando o senhor ministro fala em ajustar a Medicina Geral e Familiar ao curso de Medicina, o curso de Medicina é completamente independente da formação pós-graduada. O curso de Medicina tem de se manter assim, como é em todo o mundo”, diz o bastonário, em declarações ao “Diário de Notícias”.

“Se nós matamos a visão holística da Medicina, estamos a matar a Medicina em si e, portanto, temos que defender a Medicina. Não podemos deixar que o ministro ache que agora a Medicina pode ser completamente espartilhada, uns têm o curso de Medicina completo, outros têm meio curso, etc.", acrescenta.

O presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Nuno Jacinto, considera "que as declarações do senhor ministro do Ensino Superior são lamentáveis, são desrespeitosas para com os médicos de família e revelam um profundo desconhecimento” daquilo que é a atividade. “Não aceitamos que se fale em ter uma espécie de hierarquia entre especialidades médicas, como se umas fossem mais importantes do que outras", sublinhou.

Manuel Heitor disse ainda querer mais três cursos de Medicina em funcionamento até 2023, algo que o bastonário também rejeita: "Necessidade não há, porque nós formamos mais médicos do que aqueles que são necessários para o país".

O PSD pediu uma audição parlamentar de um conjunto de entidades para valorizar a especialidade. Os deputados sociais-democratas consideram que as declarações são "totalmente incompreensíveis".