O Prémio Tágides 2021 foi criado para convocar a sociedade civil a participar no combate à corrupção em Portugal. Com base num movimento de voluntários - #libertemomeupaísdacorrupção -, fundado pelo economista André Corrêa d'Almeida, o prémio é coordenado, de acordo com o site que apresenta a iniciativa, pelo empresário Ricardo António, com formação na área da responsabilidade social corporativa.
Com os objetivos fundamentais de "democratizar a discussão sobre o tema da corrupção", o prémio Tágides 2021 quer fomentar a participação da sociedade civil e "conhecer, celebrar e premiar quem em território nacional tem contribuído de forma particularmente notável para a luta contra a corrupção em Portugal".
Assim, a ideia dos promotores é "distinguir os líderes da promoção de uma cultura de integridade", figuras que terão de ser encontradas entre os nomeados pela sociedade civil. Um painel de 35 jurados irá depois analisar e selecionar os vencedores, que serão escolhidos pelo seu trabalho "na promoção de uma cultura de integridade e prevenção e luta contra a corrupção em Portugal, nas várias áreas da sociedade". São aceites projetos desde investigação jornalística ou académica, iniciativas desenvolvidas por organizações não governamentais ou promovidas por políticos ou sobre política. Também projetos empresariais serão avaliados, assim como iniciativas de pessoas entre os 18 e 30 anos.
Os jornalistas Sandra Felgueiras, da RTP, Luís Rosa, do Observador, o professor de Direito Nuno Garoupa, Carlos Oliveira, presidente executivo da Fundação José Neves, a ex-candidata presidencial Ana Gomes, ou ainda o democrata-cristão José Ribeiro e Castro, o social democrata, Miguel Poiares Maduro e André Silva, ex-líder do PAN, figuram na lista de avaliadores das várias categorias.
Entre estes jurados está também a procuradora Maria José Morgado. Ao Expresso, disse que "a participação da sociedade civil é essencial e decisiva" no combate à corrupção, que considera ser "um factor de empobrecimento do país, capaz de criar conflitos de interesse e fragilizar uma cultura de meritocracia".
Por isso, aceitou participar na iniciativa, de forma a ajudar a eliminar "o imobilismo institucional" e a promover a criação de "estruturas transparentes" de combate à corrupção, cujos casos conhecidos, lembra, correspondem a cerca de 30% da dívida pública nacional.
Até porque, sublinha Maria José Morgado, "os recursos afetos ao Ministério Público e à Polícia Judiciária são manifestamente desproporcionados para esta missão". "Há uma estratégia nacional, mas falta ação e o objetivo desta iniciativa é provocar a mudança", conclui Maria José Morgado.
O anúncio dos vencedores será feito a 9 de dezembro, Dia Internacional Contra a Corrupção. Até lá, qualquer pessoa individualmente ou em grupo se pode candidatar,