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O Martim e o João Francisco nasceram em casa: histórias de homens e mulheres que foram pais no lar, uma opção nem sempre pacífica

Quando Martim e João Francisco saíram da barriga das mães, mergulharam na água com a pandemia longe e uma câmara apontada ao momento. Nasceram com um parto em casa. E como eles, houve mais mil e cem outros bebés em 2020, quase o dobro do que no ano anterior. A pandemia, as restrições e também as opções pessoais explicam este aumento, mas há especialistas a acreditarem que a prática pode pôr em causa a saúde da mãe e do bebé. Um tema e uma discussão em que se procura um caminho entre duas posições extremadas

Patrícia, Gabriel e o pequeno Martim, de um ano.
RUI DUARTE SILVA

Eram 5h da manhã quando João Francisco começou a estar irrequieto, a dar dores à mãe, Carla Neves. Dores daquelas que não deixam ninguém duvidar de que é hora de nascer.

Ela ouviu-o. Levantou-se da cama sem fazer barulho, para não acordar o marido. Começou a “gerir as contrações” sozinha, na sala, o local onde quase tudo estava preparado para receber o filho mais novo: os móveis tinham sido arredados o suficiente para caber uma pequena piscina. Havia toalhas, resguardos, a primeira roupinha do bebé “e pouco mais”.

Até quase ao final da gravidez não tinha pensado sequer em mudar o rumo do plano: ter o João Francisco num hospital privado, como tinha acontecido com a filha mais velha, Matilde.