“Estes episódios acontecem todos os dias. Não os vemos, ninguém os denuncia, mas acontecem.” Raquel António é investigadora no Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida (ISPA) e estuda há anos o fenómeno do bullying em Portugal. Não tem dúvidas: as sete crianças que perseguiram, insultaram e agrediram um rapaz de 12 anos junto a uma escola no Seixal estavam a fazer algo comum - chocante e censurável, sim, mas comum.
Exclusivo
“O silêncio é o que mais alimenta o bullying”, mas o ruído também: como lidar com um não crime que tem “vários crimes lá dentro”?
Ainda é cedo para dizer qual o peso que o vírus teve na prevalência do bullying em Portugal: a paciência dos alunos parece ter diminuído, mas a Direção Geral de Educação não tem “quaisquer indícios que apontem para um aumento dos casos de violência nas escolas”. Para já, sabe-se isto: Portugal tem feito um bom trabalho na prevenção deste fenómeno e esse caminho não pode ser estragado pelos excessos das redes sociais e da comunicação social: é crucial proteger vítimas mas também agressores, porque “os pais e as escolas é que devem ter um papel central, não é a internet”