A vacinação de pessoas com 80 ou mais anos, com pelo menos uma dose, já se encontra quase concluída, adianta ao Expresso o grupo de trabalho responsável pelo plano de vacinação contra a covid-19, coordenado pelo vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, mas surgiu a necessidade de haver articulação com bombeiros, juntas de freguesia e forças de segurança para se chegar às poucas pessoas com mais de 80 anos que ainda não concluíram o processo.
Em resposta a questões do Expresso sobre o facto de a percentagem de pessoas daquela faixa etária vacinadas com a primeira dose da vacina manter-se inalterável desde praticamente meados de abril — era de 90% no dia 13 de abril e de 93% nos dias 27 de abril e 4 de maio, quando na faixa etária dos 65 aos 79 anos passou de 42%, também a 13 de abril, para 71%, no mesmo dia de maio, de acordo com os relatório de vacinação divulgados semanalmente pela Direção-Geral da Saúde) —, a task force explica que a população com 80 ou mais anos por vacinar trata-se de “pessoas anteriormente infetadas ou de pessoas mais isoladas e cujos contactos não estavam atualizados e, por isso, necessariamente, é mais difícil e moroso chegar até elas”.
Para esses casos, acrescenta, “estão a ser articulados contactos através de bombeiros, juntas de freguesia, e forças de segurança”. E faz um apelo: estas pessoas com mais de 80 anos que ainda não tenham sido vacinadas devem “dirigir-se a uma junta de freguesia, posto dos bombeiros, da GNR ou da PSP de forma a darem os seus contactos e, desta forma, serem convocadas para o processo de vacinação”. “Tendo em conta que se trata de um número muito reduzido de pessoas, é normal que a percentagem não sofra alterações significativas”, refere ainda o grupo de trabalho.
Diferença entre doses recebidas e distribuídas nunca foi tão grande
Ao olhar para os boletins de vacinação divulgados pela Direção-Geral da Saúde, percebe-se também que a diferença entre doses recebidas e doses vacinadas nunca foi tão grande como a que se verifica atualmente. Até ao dia 4 de maio, chegaram ao país 4.218.420 doses da vacina contra a covid-19, das quais 3.581.288 tinham sido distribuídas (a diferença é de cerca de 637 mil vacinas).
Questionada sobre isso, a task-force explica que “ao chegarem a Portugal as vacinas são armazenadas, distribuídas para os vários postos de vacinação, preparadas e finalmente inoculadas, sendo um processo onde é inevitável a demora de alguns dias desde a sua chegada à sua completa administração”. “Tendo em conta que existe um aumento muito significativo de doses de vacina a chegar a Portugal é normal, mesmo com o inerente aumento do ritmo de vacinação, que a diferença entre doses recebidas e inoculadas aumente”.
No total foram já inoculadas 3,5 milhões de doses e 2,6 milhões de portugueses já têm pelo menos uma dose da vacina (25%). Cerca de 915 mil pessoas já receberam a vacinação completa, o que corresponde a 9% da população.