A troca de galhardetes jurídicos entre magistrados nas respostas aos recursos para os tribunais superiores é uma tradição bem implementada em Portugal, que, no caso de Ivo Rosa, atinge ocasionalmente um nível de agressividade semelhante ao de um combate de boxe ou de um debate quinzenal no Parlamento. Ricardo Cardoso, por exemplo, considera que Ivo Rosa confundiu “conceitos e possibilidades de prova” no despacho que invalidava as declarações de Helder Bataglia sobre as transferências bancárias entre Ricardo Salgado e Carlos Santos Silva, que teriam como destino final, segundo a acusação do Ministério Público, o próprio José Sócrates.
Para o desembargador da Relação de Lisboa, que obrigou Ivo Rosa a aceitar o depoimento de Bataglia como eventual prova, o juiz de instrução “falha na perceção de que nesta fase de instrução se trata de prova indiciária, sem perceber que o que está em causa é um mesmo objeto de prova e não um mesmo processo”.