Sociedade

Covid-19. Enfermeiros contra vacinação prioritária de políticos

Ordem afirma ser “inaceitável” que, “num momento em que a escassez de enfermeiros é assustadora, o Governo escolha vacinar os seus próprios membros". Reclama que todos os enfermeiros do SNS e dos sectores público e privado sejam protegidos primeiro

Mihaela Anghel, 27 anos e enfermeira. Roménia, 27 de dezembro
DANIEL MIHAILESCU/ Getty Images

“Não aceitamos que os órgãos de soberania sejam vacinados primeiro do que todos os enfermeiros que trabalham no SNS, em regime liberal ou em estabelecimentos de saúde privados (consultórios, clínicas, centros de enfermagem ou outros similares). É inadmissível que aqueles que cuidam e estão em contacto direto com os doentes (covid ou não-covid) sejam preteridos em prol dos que exercem cargos políticos e que podem desempenhar as suas funções em regime de teletrabalho", afirmam os dirigentes da Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros. A crítica surge depois de a ministra da Saúde, Marta Temido, ter anunciado esta segunda-feira que a imunização das mais importantes figuras do Estado vai avançar já na próxima semana.

A indicação de que os titulares dos órgãos de soberania estava prevista para breve foi dada ao Expresso na semana passada pelo coordenador da task force para a vacinação pandémica, Francisco Ramos. Mas só agora confirmada pela ministra. "Não podemos permitir que os profissionais de saúde tenham de esperar até ao final de abril para receberem a primeira dose da vacina”, sublinha o presidente do conselho diretivo da Ordem dos Enfermeiros na região Centro, Ricardo Correia de Matos.

"Há milhares de enfermeiros, quer do SNS quer dos sectores privado e social, que prestam serviços como trabalhadores independentes que, até ao momento, ainda não foram inoculados. Num momento em que a escassez de enfermeiros é assustadora, o Governo escolhe vacinar os seus próprios membros. Isto é inaceitável!." Os enfermeiros reclamam, por isso, que "a task force que coordena o Plano de Vacinação contra a Covid-19 tenha em consideração esta situação e passe a abranger, no imediato, a vacinação destes profissionais de saúde".