Uma troca de mensagens num grupo do WhatsApp, que consta no processo de investigação da morte de Ihor Homeniuk, o cidadão ucraniano que morreu no centro de instalação temporária do SEF do aeroporto de Lisboa, denuncia vários funcionários do SEF a falar sobre o que ocorreu a 12 de março deste ano. As conversas são divulgadas esta terça-feira pelo "Correio da Manhã" e, segundo o mesmo jornal, faziam parte do grupo dezenas de trabalhadores.
"O homem foi algemado com demasiada força e perdeu a circulação nos braços. Além de se ter mijado todo", escreveu um dos funcionários. Já outro, focava a preocupação nas consequências: "Pensava que tivesse sido algo que que algum de nós tivesse feito (…) Mas a culpa não foi de nenhum de nós, ainda bem. Que a culpa seja dos outros".
E as mensagens continuam: "Olha, deu nisto. (…) Mataram o gajo". "O sacana também se recusou a embarcar", lê-se no conjunto de mensagens.
A propósito das condições em que Ihor Homeniuk se encontrava, durante os vários interrogatório feito SEF, um dos seguranças do aeroporto relatou que o homem "estava parcialmente despido, sentado no chão ou num colchão". "A sala cheirava mal. Estava praticamente inanimado", acrescentou.
Neste processo, três inspetores do SEF estão acusados de homicídio qualificado e arriscam a pena máxima de 25 anos de prisão. Além do crime de homicídio qualificado, os três arguidos respondem por detenção de arma proibida.