Sociedade

Covid-19: Meio ano de espera para ir ao hospital. As histórias de quem desespera

Progressão do vírus tem fechado mais a porta para consultas e cirurgias e o prognóstico para o inverno é ainda pior. Oftalmologia, ortopedia e cirurgia geral são as especialidades com maior demora

Maria C. vive com o coração em sobressalto. O pacemaker que carrega há oito anos chegou ao fim do prazo de validade e precisa de pilha nova, mas a intervenção, que estava marcada para abril, continua adiada. Em junho foi chamada ao Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde lhe disseram que tinha mesmo de ser operada. Vários meses depois, a pilha que a ajuda a manter-se viva ainda não foi mudada e a operação que lhe evitará a morte continua sem data. Maria tem 85 anos e é um dos milhares de doentes que, desde o início da pandemia, esbarram na porta do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Desde março, à medida que o novo coronavírus foi entrando na comunidade todos os outros doentes foram ficando de fora das unidades de saúde, obrigadas a dedicar espaço e profissionais à nova doença. Dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) revelam que agora é preciso esperar em média meio ano para uma consulta no hospital ou para uma cirurgia. Na prática, demora agora quase o dobro para chegar ao especialista hospitalar e mais dois meses para entrar no bloco operatório. Comparando julho deste ano com o mesmo mês de 2019, a mediana de espera para consultas de especialidades hospitalares passou de 3,5 para 6,3 meses e de cirurgias de quatro para seis. Em ambos os casos, são valores recorde até agora.

E ficar à espera é já um bom sinal. Muitos doentes não conseguem sequer entrar nessa lista porque não tiveram acesso ao médico de família, que faz a referenciação para o especialista hospitalar e daí para a operação.

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