A linguagem é como um corpo que dança, mutável, que envelhece e se renova. Descobre novas fórmulas e junta informação e lembranças, jeitos, escolhas, estilos e tons que atentam ou que defendem a dignidade de determinados grupos de pessoas. Há um passado, um presente e um futuro, o que será, o que se recomenda, o que é apropriado, o que se exige, pois os tempos mudam e a linguagem muda ou pode mudar com eles.
Essa mesma linguagem está agora no centro de uma polémica, depois de o Ministério da Defesa ter enviado ao Estado-Maior-General das Forças Armadas e aos três ramos militares - Marinha, Exército e Força Aérea -, no dia 18 de setembro, uma diretiva para aquelas entidades recorrerem a uma linguagem inclusiva, recorrendo a “termos neutros”, “sensível ao género”, evitando a “utilização de linguagem discriminatória”, anulando assim os “estereótipos existentes”. No documento, a que o Expresso teve acesso, estão tópicos como "substituição de nomes por pronomes invariáveis", "soluções alternativas" e "as formas duplas". As orientações (algumas na imagem em baixo) aplicam-se a todos os documentos oficiais.