Criar uma 'task-force' para dar resposta aos doentes não covid-19, ter unidades hospitalares 'covid-19 free' e desenvolver um sistema de vigilância epidemiológica que reúna mais fontes de informação para ter uma "visão panorâmica e conhecimento adequado" sobre o risco sazonal, a sua evolução, distribuição pelo país e impacto no SNS, são algumas das medidas previstas no Plano da Saúde para o outono-inverno, da Direção-Geral da Saúde (DGS), divulgado esta segunda-feira.
Segundo o plano, está já em curso a elaboração de mapas de risco epidemiológico, definindo diferentes níveis, de forma a garantir a "adequação e proporcionalidade das medidas ao risco real de cada região ou local", assim como a "rápida implementação" de medidas de saúde pública correspondentes a cada nível de risco. Para melhorar a vigilância epidemiológica, a DGS prevê também reforçar e capacitar equipas multidisciplinares, "que integrem profissionais de saúde, académicos, e profissionais de outras áreas do saber, para uma efetiva análise de risco".
O documento da DGS assenta em três grandes pilares: a resposta ao risco sazonal incluindo a covid-19, a garantia da resposta de cuidados de saúde não-covid e uma série de medidas específicas em termos de comunicação e literacia.
No que diz respeito à resposta ao risco sazonal, que junta a gripe à covid-19, a DGS prevê reforçar a resposta em saúde pública, especialmente em situações de surtos; planear a vacinação contra a gripe e contra a covid, "logo que a vacina esteja disponível"; e adaptar a estratégia nacional de testes laboratoriais para o SARS-CoV-2 face à epidemia de gripe. Segundo o plano, haverá reforço de stocks e reserva estratégica de medicamentos, dispositivos médicos, equipamentos de proteção individual e testes laboratoriais; além de uma aposta em "consolidar o plano de intervenção em estruturas residenciais para idosos".
Lembrando que a gestão de casos suspeitos de covid-19 "implica a gestão a montante de todos os casos suspeitos de infeção respiratória aguda, cujo diagnóstico diferencial inclui, entre outros, a infeção por SARS-CoV-2, por vírus da gripe e por vírus sincicial respiratório", a DGS está a rever a definição de caso suspeito e os critérios de alta e fim de isolamento.
O objetivo da revisão de caso suspeito visa integrar o que a DGS designa de "discriminadores úteis" para o diagnóstico da covid e de outros vírus respiratórios de circulação sazonal, nomeadamente a gripe. Já sobre a revisão de critérios de alta/fim do isolamento, incluindo de alta “precoce” das unidades hospitalares, a DGS explica que será integrada "a mais recente evidência científica" sobre o vírus.
Quanto ao uso da máscara, segundo o documento, continua a ser obrigatório o uso para pessoas com mais de 10 anos “em espaços públicos fechados”. Mas é recomendado o seu uso “em qualquer espaço aberto ou fechado sempre que não esteja garantido o distanciamento físico mínimo de dois metros”. Além disso, o plano defende que seja incentivado o uso de máscaras comunitárias certificadas, “não apenas para evitar a escassez de máscaras cirúrgicas nas unidades prestadoras de cuidados de saúde, mas também em nome da sustentabilidade ambiental”.
Para os doentes não-covid
Para garantir resposta dos serviços de saúde aos doentes não-covid, será formalizada uma 'task-force', constituída por elementos de cada Administração Regional de Saúde e que funcionará na dependência do Ministério da Saúde. Baseia-se numa "aposta na resposta maximizada nos cuidados de saúde primários, com atendimento presencial, não-presencial e domiciliário, bem como nas respostas de proximidade, incluindo dispensa de medicamentos".
Esta estrutura irá definir e assegurar a execução de um plano de contingência para a adaptação da atividade programada "não-covid-19", segundo "critérios clínicos, de qualidade e segurança, e de gestão eficiente, adaptáveis a nível local". Ou seja, irá definir "critérios de seleção dos utentes cujo seguimento possa ser assegurado, pelo menos parcialmente, por teleconsulta e telemonitorização".
O plano prevê ainda definir unidades hospitalares “covid-19 free”, para evitar "a degradação do acesso em situações de crescimento epidémico significativo", assim como continuar a expansão da hospitalização domiciliária.
Quanto às medidas no plano da comunicação, é sublinhada a importância de toda a população conhecer as medidas de prevenção e de controlo, bem como as medidas previstas neste Plano. Incentivar a utilização da aplicação StayAway Covid e o contacto através da linha SNS 24 fazem ainda parte deste conjunto de medidas.